sábado, 19 de setembro de 2020

ENTREVISTA COM O ESCRITOR CATARINENSE CARLOS SCHROEDER PARA O JORNAL FOLHA DE LONDRINA


15 DE SETEMBRO DE 2014

https://www.folhadelondrina.com.br/folha-2/entrevista-com-carlos-henrique-schroeder-893345.html


JORNAL FOLHA DE LONDRINA: O tema  da Semana Literária do SESC deste ano é a violência. É uma temática presente na literatura brasileira? Está presente nos teus livros?

CARLOS SCHROEDER: A violência e suas inúmeras facetas (física, psicológica, moral, financeira) é o grande tema da literatura há milhares de anos. Desde a Epopeia de Gigalmesh, um épico mesopotâmico de 27150 antes de Cristo, até a Ilíada e a Odisséia, e por fim chegando na literatura contemporânea. A violência é um grande tema, pois é sobretudo humano, somos violentos, somos animais de dentes rangentes encarcerados no processo civilizatório, mas estamos sempre prontos para explodir, para voltar à nossa natureza mais original e cruel, e respeitar o único instinto não domesticado: a sobrevivência. É um grande tema na literatura brasileira, o Jaime Ginzburg tem um artigo muito interessante que une duas lendas vivas da literatura brasileira: Dalton Trevisan e Rubem Fonseca, dois mestres em criar personagens com as inúmeras facetas da violência. Estou lendo O Trovador, de Rodrigo Garcia Lopes, que se passa em Londrina e a violência é também um ingrediente importante, sobretudo por se tratar de uma narrativa policial.


JFL: Como você escolhe os temas que abordará na ficção?

CS: Um romance, um conto ou um poema podem surgir de uma imagem, de uma música, de uma história ouvida, de uma memória verdadeira ou falsa. Tudo pode ser material para a ficção e como somos a soma das nossas referências, quanto mais e melhores elas forem, melhor saberemos lidar com o que queremos ou não na nossa escrita. Meu último livro, "As fantasias eletivas", é sobre um recepcionista de hotel, que passa as noites que passa limpar com álcool o balcão, mas que no fundo, guarda um passado secreto e um emaranhado de angustias. Sua amizade com Copi, uma travesti argentina, que investiga a literatura através da fotografia, parece uma saída para a sua vida destruída. Eu sou um cara perturbado, que escreve personagens perturbados e de maneira perturbada. Não pretendo ser o salvador da pátria ou o grande escritor brasileiro, quero apenas ser sincero comigo e com minha escritura.


JFL: Você já trabalhou como recepcionista de hotel, não? Já escrevia naquela época?

CS: Trabalhei em quatro ou cinco hotéis em Balneário Camboriú e em turnos diferentes. Eu tinha vinte e poucos anos, pouco dinheiro e um senso de observação bem aguçado. Escrevia muitos contos sobre hóspedes, mas sempre acabava jogando fora, pois me sentia como um vampiro sugando a essência do hóspede. Foi uma época divertida, sobrava tempo para ler e escrever nas madrugadas sombrias que eu passava na recepção e muitos hóspedes sul americanos esqueciam livros nos hotéis, muitas porcarias, mas também coisas que foram muito importantes para a minha formação, como Augusto Monterroso, Mario Levrero, Pablo Palacio, Onetti e Borges.


JFL: Como você vê a projeção da literatura produzida em Santa Catarina no resto do país?

CS: Santa Catarina é uma província com belas praias, não espere muito de lá. Mas a verdade é que não importa o escritor, e sim sua obra. Uma obra pode ser regional e global, como do Guimarães Rosa ou Graciliano. Mas algumas cabeças que nasceram no estado conquistaram grande expressão mesmo morando pouco tempo lá: Cruz e Souza, Karam, Ettori Bottini, Cristóvão Tezza e Godofredo de Oliveira Neto, são catarinenses. E há uma excelente geração surgindo no estado, como a Patrícia Galelli e o Guille Thomazi.





COMENTÁRIO DE RENATO MÜLLER: Causou-me estranheza e até mesmo uma certa decepção ao ler que o escritor catarinense Carlos Schroeder responde que não se deve esperar muito da literatura catarinense, mesmo que posteriormente ele cite nomes de alguns autores e autoras catarinenses. Na minha opinião, Schroeder foi infeliz, deselegante e levemente arrogante, pois deu a impressão não há nada que seja escrito que seja bom, interessante ou relevante para a literatura do nosso país. Se ele tivesse ficado de boca fechada, provavelmente seria melhor!!!



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