sábado, 24 de outubro de 2020

ENTREVISTA COM JULIANA GERMANN

1.         Fale um pouco do livro que você publicou...

JULIANA: O livro se chama “Manual - o que os homens jamais devem fazer na hora do sexo”. É um livro de humor feito com participação de diferentes mulheres que eu entrevistei, que falaram sobre as mancadas masculinas na “hora H”, Eu peguei todos esses depoimentos e dividi em trinta capítulos ilustrados. Cada capítulo sobre um tema específico, falando sobre o que desagrada as mulheres na hora do sexo. É um livro que ensina a partir do humor.

 

2.         A publicação foi você quem pagou ou foi com alguma editora?

JULIANA: Eu paguei todos os custos de impressão. Eu fiz com uma editora que na época se chamava Palavra Com, que era a editora da assessoria de imprensa onde eu trabalhava, então eu fiz por eles e essa parte de custos de tudo o que eu precisava da editor, eu não tive. Agora, toda parte de custos para poder registrar o livro, para poder imprimir, a distribuição e os demais custos que vieram pela frente, isso tudo foi minha responsabilidade.

 

3.         Seu livro vende bem?

JULIANA: Não, não vende. Eu aprendi com base nesta experiência que não basta só você ter uma excelente ideia para um livro, você levar adiante, você publicá-lo. Tem uma parte que é tão importante, que é justamente onde que eu vou vender, de que forma eu vou distribuir, a questão da própria cópia on line, que é essencial termos para um livro, então nesse aspecto da minha publicação eu errei; eu errei, mas eu digo que eu errei porque eu não sabia. Foi um aprendizado. Eu vendi bem os meus livros nos eventos posteriores que eu vim a promover. Agora, pela internet ou até mesmo, nas livrarias ele não vendeu bem. Mas eu sei que não vendeu por falta de estratégia minha, de comercialização. Se eu tivesse feito da forma correta, sim, teria vendido muito bem.

 

4.         Onde seu livro pode ser encontrado?

JULIANA: O livro atualmente ele pode ser encontrado... creio que ainda tenham algumas cópias na Amazon e é só! Porque são poucas cópias que sobraram e eu não vou fazer novas edições. Do livro físico eu não vou fazer novas edições. Eu prefiro partir direto para o on line. Atualmente, creio que a única opção em que ele possa ser encontrado é na Amazon.

 

5.         Qual a pior parte: escrever, publicar ou vender?

JULIANA: Sem dúvida, para mim, disparado, mil por cento, foi vender. Porque escrever foi muito fácil. O livro foi elaborado de uma maneira muito rápida. Publicar também foi tranquilo, porque como eu estava ali numa assessoria de imprensa de uma editora fazendo parte, o processo foi muito tranquilo, agora, vender, de todos os três foi o desafio maior. E é o que eu digo para todas as pessoas hoje em dia que querem lançar os seus livros: “pensem em escrever, publicar, mas acima de tudo, em como você vai distribuir ou vender, porque a chance de você ficar com muitas caixas encostadas, é imensa, se você não souber como dar vazão a essas obras.

6.         O título do seu livro é: “Manual: o que os homens jamais devem fazer na hora do sexo”. Você nunca teve qualquer problema em falar sobre este assunto, ou seja, falar de sexo não é um problema para você?

JULIANA: Não! Nunca tive, considero extremamente natural porque na minha casa, a minha mãe, comigo, foi uma pessoa extremamente esclarecida, no sentido de me ensinar tudo sobre o aspecto sexual. Tanto que, quando eu quis ter a minha primeira experiência ela me levou na ginecologista. Eu aprendi como usar a pílula anticoncepcional, os métodos necessários para evitar doenças transmissíveis. Quando eu tive a primeira experiência eu falei para a mãe; ela sempre foi a minha melhor amiga, então eu digo que, em casa, esse assunto com ela sempre foi muito normal, natural, então para mim não é um tabu. Ao contrário, infelizmente, muitas pessoas que consideram falar de sexo um tabu, uma vergonha, algo limitante e que passam a vida inteira sem saber o seu real prazer, porque simplesmente tem vergonha de bordar o assunto – o que definitivamente comigo eu tive o privilégio de ter uma mãe esclarecida que me ensinou muito sobre como ser feliz no sexo e o que me dá prazer, que é o que hoje em dia eu tento ensinar para as mulheres, que elas precisam e merecem sim, ter muito prazer.

 

7.         Você possui formação acadêmica em jornalismo, de que forma a veia de jornalista interferiu ou influenciou na hora de escrever o seu livro?

JULIANA: Total, total! Porque o livro partiu, de um forma muito despretensiosa, ouvindo minhas amigas no Rio de Janeiro, comentarem nas nossas saídas, nos muitos brindes que fazíamos, sobre as mancadas masculinas na hora H. O que os parceiros delas, os namorados, ou as experiências que elas tinham tido e que não tinham sido muito legais... E eu comecei a falar: “Pôxa, é impressionante com alguns casos acabam se repetindo, ou seja são mancadas masculinas que se repetem com diferentes mulheres e os homens muitas vezes não se tocam sobre isso”. E eu comecei de uma maneira muito descontraída, enquanto jornalista a dizer: “Olha, eu inda vou escrever um livro sobre isso”. E quando eu vi que realmente era o momento, eu entrei em contato com dezenas de mulheres, fiz as entrevistas com elas, coletei inúmeros depoimentos, alguns muito engraçados, outros muitos sérios e eu distribuí, então, nesses capítulos do meu livro e, os assuntos mais sérios eu acabei abordando futuramente, no programa de rádio que eu lancei, que foi o Bafão de Bar e, também nas palestras que eu vim a ministrar, que falava muito quando “príncipe vira sapo” – que é justamente o lado um pouquinho mais sério, um pouquinho não, o lado mais sério da questão.

 

8.         Você também é palestrante; quais os temas que você aborda nas suas palestras.

JULIANA: As minhas palestras principais são voltadas para a comunicação, que é o meu carro chefe. Então, como você ter uma comunicação poderosa que transforme a sua vida, dentro disso, com diferentes temas que eu abordo. E tem também as palestras que vieram derivadas do livro, que não é o que eu aplico com mais frequência, mas que eu acabei usando para aprofundar temas que não estão no livro. Então se o aspecto for as palestras voltadas para o livro, a principal é “Quando o príncipe vira sapo”, que eu falo sobre a questão do que incomoda as mulheres na hora H, mas principalmente o nosso papel feminino na hora do sexo, que nós, muitas vezes nos omitimos. Não falamos aquilo que nos dá prazer e que num relacionamento ou até mesmo em um sexo ocasional pressupõe que você tenha prazer, que você esteja bem naquele momento. E para isso você tem que ter ciência sim, do que é aquilo do seu conjunto daquilo que lhe dá prazer e de como ter prazer nesse momento. Então nesse aspecto, o principal tema de palestra é “Quando o príncipe vira sapo”!

 

9.         Você foi atleta da natação e venceu muitas provas e campeonatos; você nunca pensou em escrever um livro sobre essa experiência esportiva que você tem?

JULIANA: Eu não penso em escrever um livro sobre isso, mas eu trago toda esta experiência para o meu trabalho atual, falando da questão de termos persistência, do quanto que, muitas vezes eu treinava um ano inteiro, para uma única prova e, quiçá, para melhorar os meus tempos, a questão do acordar cedo, do persistir com muito foco por que? Porque isso, hoje em dia, na questão de comunicação, de gravação de vídeo e tantas outras coisas que tangem o meu trabalho, elas são experiências de vida que eu trago para esse lado. Se a pessoa quer ser boa naquilo que ela faz, ela tem que treinar, ela tem que permitir-se errar, ela tem que melhorar e evoluir. E tudo isso eu aprendi, sim – muito -, na minha carreira de atleta e todas estas experiências eu trago para que as pessoas entendam que elas são capazes, que elas podem conseguir, mas elas tem que ir atrás, treinar, melhorar, evoluir. Que é só dessa forma que elas vão conseguir atingir a excelência naquilo que elas querem.

 

10.     Existe uma frase motivacional, que não sei de quem é... A frase diz o seguinte: “quando seus braços não aguentarem mais, nade com o coração”. O coração de um atleta, geralmente, é mais forte do que o de uma pessoa sedentária. E o teu coração de escritora é mais sensível do que uma pessoa que não escreve, ou isso não se aplica?

JULIANA: Na minha época de atleta, muitas vezes, o meu braço já não aguentava mais, mas eu ouvia o barulho das arquibancadas, os meus colegas, o meu técnico, a minha mãe, o assovio dele que era uma coisa muito marcante. E eu tirava energia não sei de onde, e é o que nós chamamos de sprint final, aquele momento em que você não aguenta mais, os seus braços você não sente mais, mas que você tira energia do fundo da alma, do teu coração para poder concluir uma prova e muitas vezes decidi-la nos segundos finais, com base no coração. Isso acontecia muito, muito mesmo, na minha experiência de atleta. No caso do meu coração de escritor, eu digo que não importa se é uma escritora ou não, a minha sensibilidade, o meu trabalho, tudo o que eu faço, independente de ser no livro, nas palestras, nos meus vídeos, nos meus eventos, nas minhas lives, e falo com o coração, porque são experiências que eu vivi, eu falo com propriedade. Tudo aquilo eu senti, eu tenho marcado na minha pele. Então é isso que me faz falar com o brilho nos olhos, com segurança e com a certeza que quando eu abro a boca ou quando eu escrevo, eu estou falando com base naquilo que eu vivi. E eu quero que sirva de experiência para iluminar a vida de outras pessoas e para que elas saibam que elas também são capazes. Então eu digo que isso, independente do caminho que seja, é o sentimento de que você passou, de que você conseguiu, de que você tem uma história linda, que serve de inspiração e que isso sim é que me torna sensível para falar com brilho nos olhos e ajudar outras pessoas a transformarem as sus vidas.

 

11.     O que há em comum, nestas três atividades: natação, comunicação e na escrita?

JULIANA: A questão do foco, você focar o que é que você quer, você tem que ter muito claro. A ousadia, porque quando eu decidi escrever um livro, é um tema que para muitas pessoas é tabu, mas é a ousadia de ir além e de fazer. Porque eu tinha um compromisso com as mulheres que deram as entrevistas para mim e eu precisava levar esta mensagem adiante. A determinação, sem dúvida, porque em muitos você vai querer desistir, mas você tem que ter a determinação e a anti-fragilidade. Porque em alguns momentos, você vai passar sim, por situações que você vai questionar: “Pôxa, que coisa, eu estou me sentindo no chão agora”. Mas você tem que ter a anti-fragilidade para levantar, sacudir a poeira e seguir em frente. Então, independente de ser na natação, na comunicação, nos eventos que eu ministro ou na escrita, você tem que ser F.O.D.A., e acima de tudo, saber que independente da área, é um constante aprendizado. Você tem que saber levantar, você tem que saber superar muitas vezes as decepções e ir em frente. Treinando, evoluindo, estudando e aí é a mesma resposta que eu já dei em uma pergunta anterior, sabendo que para você ser boa em determinada coisa, você tem que fazer, treinar muito, permitir-se errar, encarar as decepções, pegar toda esta experiência para colocar em prática novamente e evoluir. Independente da área, é só dessa forma que você consegue sim, ser cada vez melhor e alcançar os seus lindos objetivos.

 

12.     Em uma competição de natação, é possível ver o público, antes de pular na água. Da mesma forma, em uma palestra, você visualiza a plateia antes e durante a sua fala. Mas quando se publica um livro, não é possível ver ou quantificar as pessoas que terão conhecimento do que você faz. Essa característica da literatura te incomoda de alguma forma ou você não liga para isso?

JULIANA: Na competição de natação, sim, é possível ver o público, da mesma forma que das palestras, mas quando eu escrevi esse livro, eu já sabia direitinho o público com o qual eu ia conversar e, acima de tudo, eram as mulheres, que tinham de uma forma corajosa, contado as suas experiências, que tinham feito confidências para mim; e confidências, muitas vezes, seríssimas e esse compromisso que eu tinha com elas. Então eu escrevi esse livro enxergando cada mulher que participou dessa obra e o meu compromisso foi com elas, com elas. De fazer com que este livro acontecesse, para que, novamente, por meio do humor, eu pudesse despertar as pessoas, em especial, os homens, para as mancadas masculinas na hora H. Mas, acima de tudo, por meio das reflexões que vieram a partir disso, para que nós, mulheres, saibamos que nós temos direito sim, a ter prazer, a olhar para o sexo, sem tabu, sem a vergonha, cientes de que isso faz parte do nosso dia a dia, no sentido de nós mulheres, independente se é com nosso namorado, se é de uma forma solitária, ou então com um amante, ou então com seu marido... Mas nós sabemos que nós merecemos sim, ter prazer e que nós já fomos muito, muito subjugadas, muito oprimidas, ao longo dos séculos, com uma sociedade que fez com que nós pensássemos que ter prazer é uma coisa indecente, que é uma coisa vergonhosa, quando no fundo é uma coisa que faz parte, sim, da nossa experiência. E nós merecemos, ter muito prazer. E foi pensando nelas e olhando para elas que eu fiz este livro.

 

13.     Tanto no jornalismo, na comunicação oral e na escrita, ter um bom vocabulário, conhecer as palavras e saber utilizá-las é algo fundamental. Qual é a importância da leitura nesse processo de conhecer as palavras?

JULIANA: Total, essencial. E digo para ti que, enquanto jornalista, eu aprendi a ter um apreço pela escrita, e eu já gosto de ler, naturalmente. E isso me trouxe um vocabulário mais rico de palavras. Acima de tudo, aprender a grandeza de como usar as palavras de forma correta; de como não repeti-las; de como tornar um texto mais atraente, atrativo; como fazer uma construção adequada, para despertar a atenção dos leitores e fazer com que a leitura deles fosse de fato..., com que eles ficassem preso naquilo, durante o tempinho que leva cada capítulo ou até mesmo, a leitura total da obra. Então é essencial, tanto na comunicação oral, quanto na escrita, ter um vocabulário rico, ter sinônimos, conhecer as palavras, construir bem as sentenças e fazer com que a mensagem seja passada e entendida de uma maneira muito simples. Porque não me interessa usar palavras que as pessoas desconheçam, mas me interessa sim, usar essa riqueza infinita do nosso vocabulário para tocar o coração das pessoas e aí sim, elas vão se sentir completamente engajadas com a minha obra e essa é a grandeza da comunicação, onde quer que ela seja usada, é tocar o coração das pessoas.

 

14.     Na sua percepção, atualmente as pessoas jovens sabem se comunicar corretamente? Justifique...

JULIANA: Nãããoo. Com um não em caixa alta. Os jovens estão perdendo a habilidade da comunicação. Porque eles não estão mais se comunicando mais como nós fazíamos no meu tempo, que era uma comunicação pessoal. Você olhava para os outros, nos olhos; tinha convivência. Hoje em dia tudo é feito por meio de um celular, você não tem mais aquele convívio direto e, muitas vezes as pessoas usam a própria escrita de uma maneira... usando abreviação das palavras, até mesmo tornando as palavras erradas, como é o fato de escrever o “aqui”, como “aki”. Começam a ter essas deturpações do vocabulário. As pessoas perdem esse contato com os outros, basta ver, por exemplo, quando eu saio, que eu vejo famílias sentadas na mesa, onde cada jovem está com seu celular, se for uma criança, provavelmente ela vai estar com tablete, os pais igualmente se comunicando via celular e ninguém mais conversa. E com base nisso se tornam jovens completamente ineptos para estabelecer qualquer tipo de comunicação. Porque a única comunicação que eles conhecem é a comunicação via celular, via mensagem ou via rede social. Então, a riqueza da comunicação está se perdendo. E eu vejo que os jovens de hoje tem uma dificuldade extrema em se comunicar, o que é lamentável.

 

15.     A comunicação escrita na atualidade, é mais fácil ou difícil que a comunicação oral? Justifique...

JULIANA: Por tudo o que eu vejo nos meu treinamentos, nas minha mentorias, é que tanto na comunicação escrita ou na oral, para as pessoas, está se tornando um grande peso, um grande fardo. Elas estão perdendo a habilidade. As escritas, hoje em dia, elas estão muito enfraquecidas porque já não há mais o apreço pelo vocabulário correto. As pessoas não sabem mais escrever corretamente. E aí nós vamos para uma segunda etapa: os nossos jovens já não leem mais; e não só os jovens; os jovens, os adultos, enfim... As pessoas não tem mais o apreço pela leitura e como isso acontece elas não sabem mais escrever e daí a comunicação que elas acabam aprendendo é a do dia a dia, cheia de vícios de linguagem, uma comunicação, muitas vezes, agressiva, sem nenhum tipo de empatia ou com palavras corretas, porque é como elas escutam. Mas não é, muitas vezes, a forma correta de se expressar. Então fica uma comunicação oral muito pobre de vocabulário, muito repleta de erros de conjugação, erros de colocação e você vê as pessoas que acabam não se comunicando de uma forma oral ou tendo muito medo, muita dificuldade, porque elas não sabem de fato, como falar. Uma coisa é você falar com seus amigos, no dia a dia, outra coisa é você se apresentar para os outros. E aí elas travam porque, falta sim, este trabalho, esse desenvolvimento, esse lapidar de uma comunicação que seja eficiente, que seja construtiva, que seja muito bem colocada. Nós estamos, infelizmente, perdendo sim, a nossa habilidade de comunicação, seja escrita, seja falada, ou até mesmo para a leitura.

 

16.     Rubem Alves afirmou: “Sempre vejo anúncios de oratória... Nunca vi anúncios de escutatória... Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender, a ouvir!” O que é mais difícil: escrever bem, falar bem ou saber ouvir?

JULIANA: O mais difícil é ouvir. As pessoas escutam, mas elas não sabem ouvir. Para muitas, não importa o que você fale, elas só vão estar interessadas naquilo que elas querem. É difícil hoje em dia nós termos, com a correria do dia a dia, nós termos a paciência e digo mais, o amor necessário para parar, dar aquela respirada e simplesmente nós usarmos o tempo necessário para ouvirmos com amor, com carinho e com atenção, aquilo que se diz. Normalmente nós queremos escutar para responder, não para absorver e responder de uma maneira afetiva e isso é muito triste. Eu, por exemplo, justamente nisso, pela falta de paciência das pessoas, da falta de carinho de amor, para ouvir os nossos idosos, principalmente, eu acabei criando uma rede de escutatória de idosos. Porque eu vejo muito, as pessoas da terceira idade, com histórias lindas para contar, com uma experiência de vida que é magnífica e sem ninguém disposto a, simplesmente, parar e ouvir. E é muito doído você viver a sua terceira idade no silêncio, porque ninguém está a fim de, simplesmente, parar e te ouvir. Foi por isso que eu criei a escutatória de idosos, para que essas pessoas saibam que elas não estão sozinhas e que tem pessoas sim, dispostas a ouvir a sua imensa experiência de vida. Então, ouvir é um ato de amor e são poucos aqueles que estão dispostos.

 

17.     Vendo o seu site, há um texto que aborda o medo das pessoas em gravar um vídeo, quando você afirma: “Vai! E se der medo, vai com medo mesmo!”. Será que as pessoas não sentem medo na hora de escrever e publicar um livro? Você aconselha também a escrever e publicar um livro, mesmo sentindo medo de ser julgado por outras pessoas?

JULIANA: O medo do julgamento alheio, independente de onde seja, ele acontece. As pessoas tem medo de estar nos holofotes, do que os outros vão pensar. Uma síndrome muito comum é a síndrome do impostor, de pensar que eu não sou bom o suficiente e, as pessoas, literalmente travam por não querer que pensem mal a seu respeito, ou até mesmo, "o que é que vão pensar de mim? E eu nem vou fazer porque eu tenho este medo”. Então eu digo isso para o vídeo ou para onde quer que seja, nós temos que, cada vez mais, termos noção do nosso valor, pararmos de sermos refém desse julgamento alheio que só nos paralisa, que faz com que nós não tenhamos a coragem necessária ou o estímulo para arriscar, porque nós já pressupomos que vai dar errado, que vai ficar um horror. “O que as pessoas vão pensar de mim”? E eu digo: “dane-se o que as pessoas vão pensar”! Porque só tem uma forma na vida de nós irmos além, que é fazer! Eu garanto! As primeiras vezes, talvez não fique bom, mas quanto mais nós fizermos, nós vamos evoluir. Então nós temos que ter esta anti-fragilidade muito bem talhada, para saber que faz parte da vida nós termos sim, momentos onde talvez, nós não tenhamos uma boa performance, mas é só desta maneira: fazendo, que nós vamos conseguir ir além. Na hora que nós tirarmos essas amarras do julgamento alheio e nós nos permitirmos fazer, nós vamos voar. Só dessa maneira é que nós vamos voar!

 

18.     CHEGA DE MIMIMI! PERMITA-SE BRILHAR é o tema de uma das suas palestras, onde você aborda o fato de que algumas pessoas só enxergam a dificuldade e o lado negativo de tudo e também, o medo de falhar. No que você tem medo de falhar?

JULIANA: Eu não tenho medo de falhar, porque com base em minha experiência de vida, eu já entendi que falhar faz parte do processo e só dessa forma que eu consigo ir além. O fato é que nós vivemos em uma sociedade que encara nossas falhar ou aquilo que não deu certo como derrota. E não como aprendizado, como parte da vida. Por isso que quando algo dá errado muitas pessoas se destroem, ficam “lá embaixo”, porque não conseguem vislumbrar que isso simplesmente foi mais uma etapa rumo ao seu objetivo muito maior. Então eu não tenho medo de errar, porque errar ou falhar faz parte da jornada e, eu já dei muito com a cara na porta, já levei muito não, eu já fiquei muito no chão, eu sei o que é recomeçar do zero, sem nada, porque algo não deu certo. Mas eu peguei todas essas experiências e construí a minha trajetória de vida de sucesso. E hoje em dia eu digo: “eu me sinto muito feliz e muito realizada”! Mas quando eu olho para trás, eu vejo que consegui sim, fazer este caminho, porque eu entendi esse momento de derrota, como alguns poderiam dizer, como aprendizado. Aprendizado para fazer melhor ainda da próxima vez e hoje em dia, se eu sou uma pessoa anti-frágil é porque eu tive de lidar com muitos momentos de falhas. Mas foram elas, foram os nãos, foram os momentos de derrotas que me fizeram apreciar, (nossa!), ainda mais, as minhas conquistas.

 

19.     Há uma frase (que infelizmente eu não sei de quem é), que diz o seguinte: “Seja eficiente e eficaz: o eficiente joga bem e o eficaz faz o gol”! O seu lado de escritora é mais eficiente ou eficaz?

JULIANA: Eu sou muito mais eficiente do que eficaz. Eu fui muito eficiente ao escrever o livro, ao publicar, ao definir a questão... tudo, tudo! Todos os processos, embora fosse a minha primeira experiência, eu fui muito eficiente e deu super certo. Agora, sem dúvida, eu não fui eficaz na hora de fazer a venda e nem a comercialização. E isso foi um ponto que, nas próximas experiências que eu tiver enquanto escritora, eu vou buscar, com certeza, ser eficiente, mas também, ser muito eficaz, no meu propósito, do que eu quero, exatamente com este livro. Mas, por enquanto, nessa experiência que eu tive, eu fui muito eficiente, mas sem dúvida, em uma segunda experiência, quando eu tiver, eu vou toda eficiência, que eu já tenho, mas também, ser eficaz, que faltou sim, quando eu lancei o Manual.

 

20.     O poeta colombiano Jorge Gaitan Duran afirmou: “o amor e a literatura coincidem na procura apaixonada, quase sempre desesperada, da comunicação”. Gostaria que você comentasse esta frase...

JULIANA: Eu sou uma pessoa apaixonada pela vida e essa minha paixão, essa minha vibração se reflete na minha comunicação, se reflete onde quer que seja. Então eu digo que, independente de ser no amor, na literatura, no dia a dia, onde quer que seja, eu amo a vida. Eu sou uma pessoa apaixonada por viver, por tudo o que eu faço. Eu sei muito bem onde quero chegar, eu tenho esse propósito extremamente bem definido e isso faz com que os meus olhos brilhem, com que eu acorde de manhã e vá dormir, todos os dias tendo a certeza da minha missão de vida e sendo muito grata. Eu sou muito grata por minha missão de vida; por ser quem eu sou, por minha trajetória, por minha história que eu tenho muito orgulhos. Por tudo aquilo que eu ainda vou conquistar. Eu sou uma apaixonada pela vida e é isso o que me move todos os dias.

 

21.     Mário Quintana afirmou que: Poesia é comunicação... a sós. Isso não chega a ser uma contradição, já que na comunicação é necessário ter quem passa a informação e quem a recebe? Qual a sua opinião?

JULIANA: Para mim comunicação é tudo! Como isso é a minha vida, comunicação é o que você diz, é o que você não diz... Os estudos apontam que, mesmo de boca fechada você já transmite diferentes sinais. Cinquenta e cinco por cento da percepção que as pessoas tem ao nosso respeito é por meio das palavras não ditas, são os seus gestos, é o seu semblante, é o seu sorriso, é a sua postura, é tudo aquilo que você vibra. Então, nós vivemos em constante comunicação e isso pode ser você com você mesmo, sozinho, como é a sua comunicação, você com as outras pessoas e independente da situação. Por isso que eu digo: “nós temos que vibrar, acima de tudo, uma comunicação que seja positiva, construtiva, poderosa. Mesmo sozinha, como eu estou aqui, para gravar estes áudios, eu estou feliz, eu estou sorrindo, eu estou vibrando e essa sou eu. Porque eu vibro, acima de tudo, na minha comunicação, mesmo de boca fechada, essa paixão pela vida. Quando eu abro a boca, aí mesmo é que vem com tudo, essa tsunami de força que eu sei que eu tenho. Porque isso para mim é comunicação, é vibrar as coisas boas, positivas e, acima de tudo, toda essa gratidão e paixão que eu sinto por estar viva.

 

22.     Na natação, quanto mais rápido a pessoa for, melhor será o seu resultado. Na comunicação esse princípio também se aplica? Justifique sua resposta...

JULIANA: Independente se for na natação ou na comunicação o princípio que vale é: tenha determinação, foque no seu objetivo, pratique todos os dias, evolua sempre, entenda que, às vezes, as derrotas ou o aquilo que não dá certo faz parte da jornada, mas você tem que saber que é desta forma que os excelentes resultado vão ser alcançados. Quando eu vejo, na natação, no caso da pessoa ser a mais rápida, esse centésimo que a pessoa economiza no tempo, muitas vezes treinando um ano para economizar um centésimo, um décimo, é o resultado de um esforço diário, de muita prática na piscina, de uma superação constante, de ter que lidar com muitas frustrações, com o cansaço, com momento em que você vai pensar em desistir. E isso também vale para a comunicação. Você se apresentar bem é o resultado de muito empenho, de muito investimento, de muita superação, de muito autoconhecimento, então são extremamente similares, independente de ser na piscina, ou na comunicação, o que vale é: preparar, focar, ir além, ousar e fazer melhor, todos os dias. Porque você sempre tem que buscar o seu melhor e fazer acontecer, sempre!

 

23.     É possível afirmar que quando você faz as coisas, elas resultam em sucesso, como exemplo temos a sua carreira como nadadora e também como palestrante. Na literatura, você espera ter um sucesso similar à natação e ás suas palestras?

JULIANA: Eu sou uma pessoa muito determinada e essa determinação da época de atleta eu acabei levando para outras áreas da minha vida, incluindo as palestras e a literatura. Da literatura eu sei que tenho um vasto campo a ser explorado, porque eu escrevo muito bem, eu tenho paixão por escrever e tem muitas obras que eu quero lançar, sim. E elas vão ser desenvolvidas na hora certa. O sucesso principal que eu quero com as minhas obras e independente de onde seja, é transformar a vida das pessoas, é fazer com que elas entendam que o que falo, o que eu escrevo e apresento é a minha experiência. Eu passei por aquilo, eu vivi, eu sei qual é o caminho das pedras e eu sei como ajudá-las nessa transformação. Na hora em que ministro um evento, ou faço a mentoria e que a pessoa consegue entender aquilo que eu estou passando e consegue colocar em prática e tem de fato, a sua vida transformada por isso, “nossa”, valeu muito a pena. É como se a minha missão de vida se concretizasse e é isso que eu espero. Não é um sucesso pelo sucesso! Mas é o sucesso que eu recebo todos os dias, de mensagens carinhosas, de pessoas que dizem: “Nossa, Juliana, você mudou a minha vida. Você me fez ser uma pessoa melhor”. Esse é o sucesso! Para mim, esse é o sinônimo de sucesso.

 

24.     Você já está preparando o próximo livro, ou ainda é cedo para pensar sobre isso?

JULIANA: Eu tenho diferentes ideias para livros, falta agora concretizar as ações para torna-los reais. Mas o principal é que serão obras focadas em toda minha experiência de jornalista, de comunicação, de todo o trabalho que eu desenvolvo, de comunicação enquanto vibração e, provavelmente vai ser nesta linha de transformação por meio da comunicação. Como fazer para talhar bem, quem você é para poder brilhar na comunicação, fazendo com que as pessoas entendam que elas não precisam ser perfeitas, que elas não precisam ser maravilhosas, que elas tem que sair dessa neura de não errar, mas elas tem que aprender, viver a vida na sua plenitude, vibrar aquilo que elas tem de melhor e com isso, ter uma vida que elas merecem. Porque todos merecemos brilhar em nossas trajetórias. Falta nós nos permitirmos brilhar como nós merecemos. No próximo livro, quando vier, vai ser com este meu propósito de vida, que está ligado a todo meu trabalho e é o que eu acredito, piamente, com base nos vinte anos de estudo de novo pensamento que eu tenho: vibrar, ousar e alcançar. É isso o que eu tenho feito com muito orgulho e com muita honra.

 

 JULIANA GERMANN



Natural de Florianópolis, ela é jornalista de formação e fez MBA em E-Business pela Fundação Getúlio Vargas/RJ.

Durante quase 20 anos morou no Rio de Janeiro.

Trabalhou na TV Globo durante 12 anos e fez trabalhos para as Centrais Globo de Jornalismo, Comunicação e Produção. Em 1998 participou do projeto Globo na Copa, que deu origem a Globo.com e foi a primeira jornalista da emissora a participar da cobertura online de uma Olimpíada – Sydney, em 2000.

Em 2009 ingressou no grupo EBX com a missão de formar a área de Mídias Digitais na empresa.

A partir de 2013 passou a se dedicar integralmente a ministrar cursos e palestras sobre comunicação eficaz, oratória e media training, especialmente no segmento político e para as mulheres.

terça-feira, 20 de outubro de 2020

ENTREVISTA COM O ESCRITOR GILMAR MILEZZI

1.        Fale um pouco sobre os livros que você publicou...

Gilmar: Eu comecei publicando na Amazon, em formato e-book. Tenho quatro livros lá e mais três aguardando conclusão e revisão. Em 2014 publiquei Zaphir, um romance de aventura e fantasia. Foi meu primeiro livro impresso e bancado por mim mesmo, com ajuda de um amigo. Em 2016 publiquei Crônicas da Cidade dos Mortos, uma novela de estética gótica, que misturou horror e fantasia. Ambos estão entre os e-books mencionados. Além desses, ainda tem: Lillith – Noite Adentro, uma história de vampiros e Noites Sombrias, uma coletânea de contos de horror e fantasia.

 

2.        Seus livros vendem bem?

Gilmar: Gostaria de dizer que meus livros vendem bem, mas isso ainda não acontece. Pelo menos não num volume que me permita viver disso. Os livros impressos podem ser pedidos através de minha página no Facebook ou no meu site oficial www.culturaindie.com.br, que também dá acesso aos e-books na Amazon.

 

3.        Qual a pior parte: escrever, publicar ou vender?

Gilmar: Sem dúvida, a pior parte é vender. Acho que nenhum escritor gosta do aspecto mercadológico de suas publicações. Por mim, ficava escondido em algum canto escuro, só escrevendo.

 

4.        Joaninha Banguela é o título de uma das peças que você escreveu; de certa forma, ele desperta a curiosidade das pessoas. Como é o processo de escolha dos títulos dos seus livros? Primeiro vem o título do livro ou ele é escolhido no final do processo de criação?

Gilmar: O título me ocorre junto com a ideia do enredo. Eu não saberia dizer o que ocorre primeiro, mas geralmente aproveito a primeira ideia que me ocorre, a menos que já tenha outra obra com o mesmo nome. Aí tento mudar, mas não muito. Afinal, títulos duplicados aparecem até entre clássicos.

 

5.        Que projeto você gostaria de fazer, mas ainda não começou?

Gilmar: Eu tenho muitas ideias. Mais do que consigo escrever, mas uma em especial está na fila e devo começá-la no anos que vem. É uma novela gótica que mistura espionagem e horror.

 

6.        Música de fundo na hora de escrever, ajuda ou atrapalha?

Gilmar: A música de fundo não atrapalha. Costumo ouvir música clássica, jazz, bossa nova e até Rock pauleira (os clássicos dos anos 60 e 70). Também escuto uns boleros, de vez em quando.

 

7.        Como você se mantém inspirado?

Gilmar: Eu crio enredos com muita facilidade. Tenho ideias a todo momento e isso é um dom e uma maldição, ao mesmo tempo. Acho que nunca vou conseguir escrever tudo o que imagino e, provavelmente, serei uma alma penada procurando algum médium para continuar a escrever.

 

8.        Em qual aspecto você pode melhorar a sua maneira de escrever?

Gilmar: Eu sou um escritor intuitivo. Nunca estudei teoria literária ou algo assim, mas este ano eu fiz um curso de escrita criativa e, através dele, percebi onde devo melhorar minha técnica narrativa. Também fiz um curso de revisão e preparação de originais, que me deu as ferramentas teóricas para melhorar a revisão e a edição de minhas obras. Tudo isso, como preparação para me tornar um editor no próximo ano.

 

9.        Você escreve para provocar o leitor ou a leitora, ou seja, você gosta de cutucar a onça com vara curta?

Gilmar: Eu não escrevo para provocar ninguém. Minha literatura é de entretenimento, para aqueles que apreciam os gêneros por onde transito como escritor. Quando muito, me esforço por oferecer um patamar de leitura um pouco acima daquilo que eu considero ser o leitor médio. Uma leitora, certa vez, me mandou um e-mail para reclamar que eu escrevo muito complicado. Eu me diverti com isso e respondi que, se um livro não incomoda o leitor de alguma forma, não vale a pena ser lido. Não sei se ela continuou lendo meus escritos.

 

10.   Você sofre com bloqueios de escritor?

Gilmar: Não sofro nenhum tipo de bloqueio, só que algumas vezes não fico feliz com o resultado e reescrevo até ficar satisfeito.

 

11.   Qual o assunto e o seu gênero literário preferido pra escrever?

Gilmar: Eu gosto de qualquer gênero, exceto dramas e autoajuda. Os meus preferidos são de aventura & fantasia e horror, mas embarco tranquilamente num romance tipo água com açúcar, erótico ou ficção cientifica. O principal, para mim, é contar uma boa história.

 

12.   Você chega a consultar dicionários, gramática, ou algum banco de dados para escrever?

Gilmar: Consulto dicionários e obras de referências muitas vezes, principalmente agora, que a memória já não é tão precisa e pode me trair. Na maioria das vezes, a consulta é para confirmar algo que já sei.

 

13.   Carlos Drummond de Andrade afirmou: “Não tive um projeto de vida literária. As coisas foram acontecendo ao sabor da inspiração e do acaso”. Você tem um projeto literário ou tudo acontece ao sabor da inspiração e do acaso?

Gilmar: Concordo com o Drummond. Sou ainda um escritor essencialmente intuitivo e não costumo fazer projetos. Apenas pesco uma das ideias que tenho e a desenvolvo um pouco, para ver se gosto. Dependendo disso, posso continuar ou não.

 

14.   Sua apresentação no Facebook está assim: “Sou escritor. Em alguns momentos sou poeta, em outros apenas um sonhador”. Na maior parte dos dias você é um poeta ou apenas um sonhador? Justifique....

Gilmar: Sou basicamente um sonhador. Disso deriva todas as minhas tentativas literárias e minha visão de mundo.

 

15.   Quais os seus sonhos literários que você gostaria de realizar?

Gilmar: Tenho muitos sonhos literários. Eu gostaria de escrever um dia uma grande obra, que pudesse ser meu legado. Nesse momento, tenho alguns projetos em andamento, mas é prematuro falar deles. Há muito para pesquisar e planejar, antes desses projetos florescerem devidamente.


GILMAR CARLOS MILEZZI

Nasceu em Tubarão, em 1957. Desde pequeno pensava em ser escritor. Leu livros de Emílio Salgari, Julio Verne, Jack London e Mark Twain, entre outros.

Criou algumas peças infantis: O Espírito da Floresta, Joaninha Banguela, A Revolta dos Sinais de Trânsito e A Última Chance. Para o público adulto, escreveu as comédias A Costela de Adão, À Flor do Delírio e O Julgamento de Sócrates.

Em 2014 publicou de forma independente o romance Zaphir, no gênero de aventura e fantasia. Publicou também Requiescat in Pace – Crônicas da cidade dos Mortos, uma novela de horror e fantasia. Escreveu também outro romance: Lilith – Noite adentro e Noites Sombrias, que reúnes contos de horror, fantasia e ficção científica. Essas publicações significam a confirmação do velho sonho de menino, cuja jornada está longe de acabar.


                                                    

                                                    GILMAR MILEZZI

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

HISTÓRIA DA BÍBLIA

Por eu ter citado a bíblia em outra postagem, julguei ser necessário trazer mais informações sobre este livro. Depois de algumas pesquisas na internet, encontrei uma que julgo conter informações relevantes.

A seguir coloco o que eu encontrei e também o link, como costumo fazer, quando eu retiro as informações da internet.

https://biblia.com.br/perguntas-biblicas/historia-da-biblia/


História da Bíblia

A Bíblia – o livro mais lido, traduzido e distribuído do mundo – desde as suas origens, foi considerada sagrada e de grande importância. E, como tal, deveria ser conhecida e compreendida por toda a humanidade. A necessidade de difundir seus ensinamentos, através dos tempos e entre os mais variados povos, resultou em inúmeras traduções para os mais variados idiomas. Hoje é possível encontrar a Bíblia, completa ou em porções, em mais de 2.527 línguas diferentes (levantamento de dez/2010).

Os Originais

Os originais da Bíblia são a base para a elaboração de uma tradução confiável das Escrituras. Porém, não existe nenhuma versão original de manuscrito da Bíblia, mas sim cópias de cópias. Todos os autógrafos, isto é, os livros originais, como foram escritos por seus autores, se perderam. As traduções confiáveis das Escrituras Sagradas baseiam-se nas melhores e mais antigas cópias que existem e que foram encontradas graças às descobertas arqueológicas.

Grego, hebraico e aramaico. Esses foram os idiomas utilizados para escrever os originais das Escrituras Sagradas.

Antigo Testamento

A maior parte foi escrita em hebraico e alguns textos em aramaico.

Novo Testamento

Foi escrito originalmente em grego, que era a língua mais utilizada na época.

Para a tradução do Antigo Testamento, a SBB utiliza a Bíblia Stuttgartensia, publicada pela Sociedade Bíblica Alemã. Já para o Novo Testamento, é utilizado The Greek New Testament, editado pelas Sociedades Bíblicas Unidas. Essas são as melhores edições dos textos hebraicos e gregos que existem hoje, disponíveis para tradutores.

Antigo Testamento Hebraico

Muitos séculos antes de Cristo, os escribas, sacerdotes, profetas, reis e poetas do povo hebreu mantiveram registros de sua história e de seu relacionamento com Deus. Esses registros tinham grande significado e importância em suas vidas e, por isso, foram copiados muitas vezes, e passados de geração em geração.

Com o passar do tempo, esses relatos sagrados foram reunidos em coleções conhecidas por:

A Lei

Composta pelos livros de Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

Os Profetas

Incluíam os livros de Isaías, Jeremias, Ezequiel, os Doze Profetas Menores, Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel e 1 e 2 Reis.

As Escrituras

Reuniam o grande livro de poesia, os Salmos, além de Provérbios, Jó, Ester, Cantares de Salomão, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Daniel, Esdras, Neemias e 1 e 2 Crônicas.

Esses três grandes conjuntos de livros, em especial o terceiro, não foram finalizados antes do Concílio Judaico de Jamnia, que ocorreu por volta de 95 d.C.

Os livros do Antigo Testamento foram escritos em longos pergaminhos confeccionados em pele de cabra e copiados cuidadosamente pelos escribas. Geralmente, cada um desses livros era escrito em um pergaminho separado, embora A Lei frequentemente fosse copiada em dois grandes pergaminhos. O texto era escrito em hebraico – da direita para a esquerda – e, apenas alguns capítulos, em dialeto aramaico.

Hoje se tem conhecimento de que o pergaminho de Isaías é o mais remoto trecho do Antigo Testamento em hebraico. Estima-se que foi escrito durante o século II a.C. e se assemelha muito ao pergaminho utilizado por Jesus na Sinagoga, em Nazaré. Foi descoberto em 1947, juntamente com outros documentos em uma caverna próxima ao Mar Morto.

Novo Testamento Grego

Os primeiros manuscritos do Novo Testamento que chegaram até nós são algumas das cartas do Apóstolo Paulo, destinadas a pequenos grupos de pessoas de diversos povoados que acreditavam no Evangelho por ele pregado. A formação desses grupos marca o início da igreja cristã.

As cartas de Paulo eram recebidas e preservadas com todo o cuidado. Não tardou para que esses manuscritos fossem solicitados por outras pessoas. Dessa forma, começaram a ser largamente copiados e as cartas de Paulo passaram a ter grande circulação.

A necessidade de ensinar novos convertidos e o desejo de relatar o testemunho dos primeiros discípulos em relação à vida e aos ensinamentos de Cristo resultaram na escrita dos Evangelhos que, na medida em que as igrejas cresciam e se espalhavam, passaram a ser muito solicitados. Outras cartas, exortações, sermões e manuscritos cristãos similares também começaram a circular.

O mais antigo fragmento do Novo Testamento hoje conhecido é um pequeno pedaço de papiro escrito no início do século II d.C. Nele estão contidas algumas palavras de João 18.31-33, além de outras referentes aos versículos 37 e 38. Nos últimos 100 anos descobriu-se uma quantidade considerável de papiros contendo o Novo Testamento e o texto em grego do Antigo Testamento.

Outros Manuscritos

Além dos livros que compõem o nosso atual Novo Testamento, havia outros que circularam nos primeiros séculos da era cristã, como as Cartas de Clemente, o Evangelho de Pedro, o Pastor de Hermas, e o Didache (ou Ensinamento dos Doze Apóstolos).

Durante muitos anos, embora os evangelhos e as cartas de Paulo fossem aceitos de forma geral, não foi feita nenhuma tentativa de determinar quais dos muitos manuscritos eram realmente autorizados. Entretanto, gradualmente o julgamento das igrejas, orientado pelo Espírito de Deus, reuniu a coleção das Escrituras que constituíam um relato mais fiel sobre a vida e ensinamentos de Jesus. No Século IV d.C. foi estabelecido entre os concílios das igrejas um acordo comum, e o Novo Testamento foi constituído.

Os dois manuscritos mais antigos da Bíblia em grego podem ter sido escritos naquela ocasião – o grande Codex Sinaiticus e o Codex Vaticanus. Estes dois inestimáveis manuscritos contêm quase a totalidade da Bíblia em grego. Ao todo são aproximadamente 20 manuscritos do Novo Testamento escritos nos primeiros cinco séculos.

Quando Constantino proclamou e impôs o cristianismo como única religião oficial no Império Romano, no final do Século IV, surgiu uma demanda nova e mais ampla por boas cópias de livros do Novo Testamento. É possível que o grande historiador Eusébio de Cesareia (263–340) tenha conseguido demonstrar ao imperador o quanto os livros dos cristãos já estavam danificados e usados, porque o imperador encomendou 50 cópias para igrejas de Constantinopla. Provavelmente, esta tenha sido a primeira vez que o Antigo e o Novo Testamentos foram apresentados em um único volume, agora denominado Bíblia.

A primeira tradução

Estima-se que a primeira tradução foi elaborada entre 200 a 300 anos antes de Cristo. Como os judeus que viviam no Egito não compreendiam a língua hebraica, o Antigo Testamento foi traduzido para o grego. Porém, não eram apenas os judeus que viviam no estrangeiro que tinham dificuldade de ler o original em hebraico: com o cativeiro da Babilônia, os judeus da Palestina também já não falavam mais o hebraico.

Septuaginta (ou Tradução dos Setenta)

Esta foi a primeira tradução. Realizada por 70 sábios, ela contém sete livros que não fazem parte da coleção hebraica, pois não estavam incluídos quando o cânon (ou lista oficial) do Antigo Testamento foi estabelecido por exegetas israelitas no final do Século I d.C. A igreja primitiva geralmente incluía tais livros em sua Bíblia. Eles são chamados apócrifos ou deuterocanônicos e encontram-se presentes nas Bíblias de algumas igrejas. Esta tradução do Antigo Testamento foi utilizada em sinagogas de todas as regiões do Mediterrâneo e representou um instrumento fundamental nos esforços empreendidos pelos primeiros discípulos de Jesus na propagação dos ensinamentos de Deus.

Outras traduções

Outras traduções começaram a ser desenvolvidas por cristãos novos nas línguas copta (Egito), etíope (Etiópia), siríaca (norte da Palestina) e em latim – a mais importante de todas as línguas pela sua ampla utilização no Ocidente. Por haver tantas versões parciais e insatisfatórias em latim, no ano 382 d.C, o bispo de Roma nomeou o grande exegeta Jerônimo para fazer uma tradução oficial das Escrituras.

Com o objetivo de realizar uma tradução de qualidade e fiel aos originais, Jerônimo foi à Palestina, onde viveu durante 20 anos. Estudou hebraico com rabinos famosos, e examinou todos os manuscritos que conseguiu localizar. Sua tradução tornou-se conhecida como “Vulgata”, ou seja, escrita na língua de pessoas comuns (“vulgus”). Embora não tenha sido imediatamente aceita, tornou-se o texto oficial do cristianismo ocidental. Neste formato, a Bíblia difundiu-se por todas as regiões do Mediterrâneo, alcançando até o Norte da Europa.

Na Europa, os cristãos entraram em conflito com os invasores godos e hunos, que destruíram uma grande parte da civilização romana. Em mosteiros, nos quais alguns homens se refugiaram da turbulência causada por guerras constantes, o texto bíblico foi preservado por muitos séculos, especialmente a Bíblia em latim na versão de Jerônimo.

Não se sabe quando e como a Bíblia chegou até as Ilhas Britânicas. Missionários levaram o evangelho para Irlanda, Escócia e Inglaterra, e não há dúvida de que havia cristãos nos exércitos romanos que lá estiveram no segundo e terceiro séculos. Provavelmente a tradução mais antiga na língua do povo desta região é a do Venerável Bede. Relata-se que, no momento de sua morte, em 735, ele estava ditando uma tradução do Evangelho de João. Entretanto, nenhuma de suas traduções chegou até nós. Aos poucos, as traduções de passagens e de livros inteiros foram surgindo.

Primeiras escrituras impressas

Na Alemanha, em meados do século 15, um ourives chamado Johannes Gutenberg desenvolveu a arte de fundir tipos metálicos móveis. O primeiro livro de grande porte produzido por sua prensa foi a Bíblia em latim. Cópias impressas decoradas à mão passaram a competir com os mais belos manuscritos. Esta nova arte foi utilizada para imprimir Bíblias em seis línguas antes de 1500 – alemão, italiano, francês, tcheco, holandês e catalão. E em outras seis línguas até meados do século 16 – espanhol, dinamarquês, inglês, sueco, húngaro, islandês, polonês e finlandês.

Finalmente as Escrituras realmente podiam ser lidas na língua destes povos. Mas essas traduções ainda estavam vinculadas ao texto em latim. No início do século 16, manuscritos de textos em grego e hebraico, preservados nas igrejas orientais, começaram a chegar à Europa ocidental. Havia pessoas eruditas que podiam auxiliar os sacerdotes ocidentais a ler e apreciar tais manuscritos.

Uma pessoa de grande destaque durante este novo período de estudo e aprendizado foi Erasmo de Roterdã. Ele passou alguns anos atuando como professor na Universidade de Cambridge, Inglaterra. Em 1516, sua edição do Novo Testamento em grego foi publicada com seu próprio paralelo da tradução em latim. Assim, pela primeira vez, estudiosos da Europa ocidental puderam ter acesso ao Novo Testamento na língua original, embora, infelizmente, os manuscritos fornecidos a Erasmo fossem de origem relativamente recente e, portanto, não eram completamente confiáveis.

Descobertas arqueológicas

Várias foram as descobertas arqueológicas que proporcionaram o melhor entendimento das Escrituras Sagradas. Os manuscritos mais antigos que existem de trechos do Antigo Testamento datam de 850 d.C. Existem partes menores bem mais antigas como o Papiro Nash do segundo século da era cristã. Mas sem dúvida a maior descoberta ocorreu em 1947, quando um pastor beduíno, que buscava uma cabra perdida de seu rebanho, encontrou por acaso os Manuscritos do Mar Morto, na região de Jericó.

Durante nove anos, vários documentos foram encontrados nas cavernas de Qumran, no Mar Morto, constituindo-se nos mais antigos fragmentos da Bíblia hebraica que se têm notícias. Escondidos ali pela tribo judaica dos essênios no século I, nos 800 pergaminhos, escritos entre 250 a.C. a 100 d.C., aparecem comentários teológicos e descrições da vida religiosa deste povo, revelando aspectos até então considerados exclusivos do Cristianismo.

Estes documentos tiveram grande impacto na visão da Bíblia, pois fornecem espantosa confirmação da fidelidade dos textos massoréticos aos originais. O estudo da cerâmica dos jarros e a datação por carbono 14 estabelecem que os documentos foram produzidos entre 168 a.C. e 233 d.C.

Destaca-se, entre estes documentos, uma cópia quase completa do livro de Isaías, feita cerca de 100 a.C. Especialistas compararam o texto dessa cópia com o texto-padrão do Antigo Testamento hebraico (o manuscrito chamado Codex Leningradense, de 1008 d.C.) e descobriram que as diferenças entre ambos eram mínimas.

Outros manuscritos também foram encontrados neste mesmo local, como fragmentos de um texto do profeta Samuel, textos de profetas menores, parte do livro de Levítico e um targum (paráfrase) de Jó.

As descobertas arqueológicas, como a dos manuscritos do Mar Morto e outras mais recentes, continuam a fornecer novos dados aos tradutores da Bíblia. Elas têm ajudado a resolver várias questões a respeito de palavras e termos hebraicos e gregos, cujo sentido não era absolutamente claro. Antes disso, os tradutores se baseavam em manuscritos mais “novos”, ou seja, em cópias produzidas em datas mais distantes da origem dos textos bíblicos.






CASA DA LITERATURA CATARINENSE

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