terça-feira, 17 de janeiro de 2023

CASA DA LITERATURA CATARINENSE

https://ndmais.com.br/cultura/inaugurada-em-florianopolis-a-casa-da-literatura-catarinense/



CASA DA LITERATURA CATARINENSE

Inaugurada, em Florianópolis, a Casa da Literatura Catarinense

Espaço localizado nas imediações da Praça 15 homenageia o poeta Cruz e Sousa e será destinado a escritores catarinenses e leitores.

POR: NÍCOLAS HORÁCIO, FLORIANÓPOLIS

30/09/2022

Um espaço para os autores catarinenses lançarem seus livros e para o público conhecer e ler obras novas e antigas dos catarinenses. Essas são duas finalidades principais da Casa da Literatura Catarinense, que foi inaugurada na última sexta-feira (30) e faz, também, uma homenagem ao poeta Cruz e Sousa.

A abertura da casa, inclusive, foi marcada por lançamento de livro e sessão de autógrafos da editora Cruz e Sousa no espaço criado e administrado pela FCC (Fundação Catarinense de Cultura), após um investimento de cerca de R$ 200 mil.

O local, no Centro de Florianópolis, às margens da Praça 15, expõe parte da obra literária de Cruz e Sousa e detalhes da sua história.

“Faltava isso aqui na Capital. Muita gente ouviu falar em Cruz e Sousa, temos a homenagem do Palácio, mas ali não tem praticamente nada da sua obra exposta. A FCC tinha essa casa aqui fechada, nós restauramos para abrigar esse espaço, fazer essa homenagem ao poeta Cruz e Sousa e, ao mesmo tempo, abrindo um espaço para os escritores catarinenses”, declarou o presidente da FCC, Edinho Lemos.

Conforme o presidente, a Casa da Literatura Catarinense será um espaço para os escritores, mas também para o público. Os interessados podem visitar o local de segunda à sexta-feira, das 13h às 18h, e mergulhar nas obras dos autores catarinenses na sala de leitura.

“É um espaço dedicado à literatura do nosso Estado, que é tão rica, tão diversificada e que, às vezes, não é vista pelo público”, enfatizou Edinho.

Ele lembrou, ainda, que o intuito não é o empréstimo de livros “para isso temos a Biblioteca Pública”, mas para que qualquer autor deixe suas obras para o público conhecer e ler. Além disso, os visitantes podem conhecer melhor a história de Cruz e Sousa e os escritores podem organizar saraus.

Conforme Edinho, a casa estava em boas condições e foram necessárias somente pequenas reformas, especialmente a pintura e ambientação do local. A casa tem dois andares. O térreo é para visitação do público e o segundo piso para o setor administrativo, com uma sala de reunião para utilização sob demanda dos escritores.

Ao todo, quatro servidores da FCC atenderão no local. Entre eles, a jovem manezinha Ana Carolina Oliveira, 27 anos, na administração pública desde os 14.

“A nossa intenção é que seja um espaço de interação entre a literatura e a sociedade e, principalmente, para enfatizar os autores negros através do poeta Cruz de Sousa”, ressaltou a servidora da FCC.

No dia a dia, Ana Carolina vai trabalhar com os agendamentos no “coworking” dos escritores. A intenção da FCC é disponibilizar o formulário para agendamentos no site a partir da semana que vem.

A abertura da casa, nesta sexta, foi marcada pela apresentação à sociedade de duas obras da editora Cruz e Sousa, que tem como editor o historiador Fábio Garcia. Os livros lançados foram: “Nós, Vovó e os Livros”, de Maria Aparecida Rita Moreira e “Triolé, Triolé”, de Eliane Debus.

“É uma obra com 20 composições do próprio Cruz e Sousa, com poesias brincantes, da primeira fase do poeta. A gente conhece um Cruz e Sousa muito dentro dos princípios do simbolismo, mas ele é um autor muito vasto e tem outras vertentes literárias, como o triolé, que é uma forma de escrita poética”, explicou Garcia.

A editora Cruz e Sousa tem quatro anos e já tem um livro indicado no Prêmio Jabuti, “Ildefonso Juvenal da Silva – Um memorialista negro no Sul do Brasil”.

Além de homenagear o Cisne Negro, a editora tem por missão valorizar os escritores negros do pós-abolição e os escritores negros e não negros, contemporâneos, que escrevam sobre a temática afro-brasileira. A visão da empresa é ser a maior editora negra do Sul do Brasil nos próximos dez anos.


sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Evento de lançamento de livro: checklist completa

 Um evento de lançamento de livro é um marco muito importante na sua campanha de divulgação. Confira neste artigo os detalhes que um autor não pode deixar de lado na hora de organizar seu evento.

Fazer um lançamento de livro é uma ótima maneira de divulgar sua obra. Não só pelos livros vendidos durante o encontro, mas por toda a repercussão deste tipo de evento.

Porém, há muitos detalhes que precisam ser levados em consideração e até mesmo alguns casos em que recomendamos não fazer eventos.

Por isso, separamos neste artigo uma série de perguntas e respostas, para te ajudar a decidir e organizar o lançamento de seu livro. Ao fim deste artigo, criamos uma checklist completa, já organizada dentro de um cronograma para te ajudar a organizar seu evento.

Importante: Se você quiser acessar nosso infográfico com o Passo a Passo de um lançamento de livro, clique aqui.

Vamos lá?

Evento de lançamento de livro com checklist completa

Quando eu devo fazer um evento de lançamento de livro?

Se seu livro está em fase de lançamento ou até mesmo se você está lançando uma nova edição comemorativa. Quando o livro já está no mercado há pelo menos três  meses, os eventos são chamados de Sessão de Autógrafos.

Quando eu não devo fazer um evento?

Se você decidir fazer um evento em uma livraria, mas não tem público suficiente para lotar a livraria, recomendamos que você escolha outro lugar ou não faça o evento.

Quando você reserva uma livraria para seu evento e não leva muitas pessoas, você acaba prejudicando a imagem da sua obra . Aquela livraria pode decidir não expor mais seu livro em destaque, afinal, se nem com a sua presença  ele gerou movimento, não faz sentido eles tirarem o espaço de outro livro que pode vender mais.

Como escolher o local do lançamento de livro?

Escolha um local de fácil acesso para seus amigos e familiares. Em geral, eles são as pessoas que geram mais movimento em um evento de lançamento. Livrarias de shopping costumam ser bons locais, pois geralmente são de fácil acesso e já têm um estacionamento. Livrarias de bairro costumam ser mais íntimas e charmosas.

E se eu decidir fazer meu lançamento de livro fora de uma livraria?

Se escolher outro local, como um restaurante, um café ou até mesmo um congresso, você precisa alinhar com os gerentes desses locais se é possível reservar um espaço para esse evento e também precisará providenciar uma estrutura de vendas para seu livro, incluindo maquininhas de cartão, troco para quem pagar em dinheiro, sacolas para embrulhar os exemplares e alguém para cuidar do setor financeiro para você na hora.

Se você decidir lançar seu livro em um congresso, por exemplo, algumas livrarias até aceitam deslocar sua própria estrutura para fazer as vendas. Nesses casos, seu evento precisa ter mais de 200 convidados assistindo à  sua palestra.

Quem vai a um evento de lançamento de livro?

Em geral, os amigos e familiares do autor compõem a maior parte dos convidados. Fãs e seguidores muitas vezes não se sentem à vontade indo. Por isso, é muito importante fazer campanhas especiais para seu evento.

Como posso atrair mais pessoas para o meu evento?

Você pode criar campanhas de incentivo, sorteios para os participantes, divulgar que seu evento de lançamento terá também uma palestra e até convidar pessoas famosas para dividir o palco com você.

Quantas pessoas eu devo convidar?

Há uma quebra padrão no número de convidados em relação ao número de presentes. Em geral, apenas metade dos seus convidados consegue ir a seu evento. Por isso, é muito importante ter um sistema de confirmação de presença (RSVP). Seu convite pode ter um endereço de e-mail no qual o convidado confirme sua participação. Você pode até mesmo fazer essa confirmação enviando mensagens um a um.

Ou seja, se você tem uma lista com 100 nomes, é provável que apenas 50 pessoas compareçam ao evento.

Quais são os melhores dias e horários para fazer um evento de lançamento de livro?

Depende muito dos seus convidados. Por exemplo, se você está lançando um livro infantil, os lançamentos no período da noite não fazem muito sentido. Nós costumamos evitar eventos às segundas ou sextas-feiras à  noite, pois são horários de mais trânsito. Procure evitar também datas muito próximas a feriados ou a dias de final de campeonatos.

Quando eu devo fazer um tour de lançamento?

Quando você tiver uma base de fãs fiéis, amigos ou familiares em diferentes locais. Veja: ter seguidores não é o bastante. Em média, menos de 1% da sua base de seguidores comparece a um evento de lançamento.

Eu preciso de uma assessoria de imprensa para divulgar meu evento?

Nós recomendamos que sim. Na verdade, nossa recomendação é que você contrate uma assessoria de imprensa para divulgar o livro, inclusive o evento.

Os assessores podem trabalhar em parceria com jornais locais e tentar emplacar a divulgação do seu evento nesses veículos, e até mesmo levar jornalistas para fazer a cobertura do seu evento.

Eu preciso servir um coquetel no meu lançamento de livro?

Era bastante comum ter um serviço de coquetel em um evento de lançamento de livro, mas, atualmente, não é mais. Nós sugerimos servi-lo apenas se seus convidados forem pessoas importantes, como clientes ou até mesmo prospects. Assim, você transforma seu evento de lançamento de livro em um evento de networking também.

Qual equipe é necessária para um evento de lançamento de livro?

Além da equipe encarregada da venda dos livros, eu sempre sugiro que o autor contrate um fotógrafo e que tenha uma pessoa para ajudá-lo com a organização do evento em si. Organizar a fila, tirar dúvidas, marcar o nome das pessoas no livro com um post-it (para que você não erre na hora do autógrafo).

Se você decidir servir um coquetel, é importante ter garçons e copeiros ajudando a servir.

Quais são os possíveis formatos desse evento de lançamento de livro?

Há inúmeras possibilidades. A mais comum é um evento com apenas uma sessão de autógrafos. Mas você pode promover uma rápida palestra sobre o livro (não mais do que 30 minutos), um bate-papo com convidados, uma mesa de debates sobre o tema. Já organizei inclusive eventos de lançamento com shows de bandas, mágicos e outras atrações. O importante é que essas atrações tenham sempre relação com o livro lançado e que não ultrapasse meia hora. Seus convidados podem não ter muito tempo disponível para ficar, e fazê-los esperar para te cumprimentar e autografar seu livro pode ser indelicado.

O que acontece durante o evento de lançamento de livro?

Via de regra, o autor recebe seus convidados logo no início do horário marcado. Os convidados costumam chegar aos poucos, mas você precisa estar desde o horário combinado lá. Se houver alguma atração agendada, o autor começa a autografar após o término dessa atração, mas desde o início já vai posando para fotos.

Iniciada a fila de autógrafos, o autor atende então um a um, conversando, autografando e tirando fotos. Nessa hora, é importante que a pessoa responsável por organizar o evento avise o autor do tamanho da fila. Assim, o autor sabe se pode passar mais tempo conversando com cada convidado ou se ele precisa fazer a fila andar.

Vale a pena fazer um lançamento em uma Bienal do Livro ou em algum evento literário?

Esses eventos costumam ser muito atrativos, pois, além de serem marcos culturais, reúnem diversos leitores e escritores. Porém, eu não recomendo que este seja o único evento de lançamento de um autor. Essas feiras literárias costumam ser em locais de difícil acesso, costumam cobrar ingresso de entrada e ficam em pavilhões muito grandes. Isso complica muito a logística dos convidados e pode diminuir a quantidade de presentes.

Agora, se você já tiver um outro evento agendado ou planejado, não vejo problemas. Participar de eventos literários é uma ótima forma de ampliar a sua autoridade como escritor e formador de opinião.

Cronograma e checklist do evento de lançamento de livro:

45 dias antes do evento

  • Defina o local do evento. Entre em contato para checar a disponibilidade do local;
  • Defina a data do seu evento;
  • Garanta que a data não é um feriado ou final de algum campeonato importante;
  • Monte sua lista de convidados
  • Encomende as artes do seu evento
    • Banner
    • Save the date
    • Convite
    • Marcadores de páginas
    • Brindes

30 dias antes do evento

  • Dispare o Save the date;
  • Alinhe seu evento com seu assessor de imprensa;
  • Faça convites para a imprensa;
  • Defina se você irá servir um coquetel para seus convidados.

20 dias antes do evento

  • Garanta que seus livros estão impressos e prontos para envio;
  • Distribua os convites;
  • Contrate um fotógrafo;
  • Providencie uma estrutura de vendas para seu livro (especialmente se o seu lançamento não for em uma livraria);
  • Faça uma visita técnica no local do evento. Pergunte onde ficaria a mesa, a fila, até que horas o evento pode ir, quais as regras para levar fornecedores (fotógrafo, buffet, entre outros).

5 dias antes do lançamento

  • Dispare um lembrete dois dias antes do evento;
  • Garanta que o local do evento tem um porta-banner.

Na manhã do evento

  • Dispare um lembrete no dia do evento;
  • Verifique se os livros chegaram ao local do evento;
  • Garanta que seu banner chegou ao evento;
  • Cheque o trânsito nas proximidades do local e eventuais problemas que você ou seus convidados possam ter para chegar ao evento;
  • Leve uma caneta e uma caneta reserva. Muitas livrarias não disponibilizam canetas para eventos.

Durante o evento

  • Peça para alguém fazer posts ou stories a partir de sua conta, mostrando a sua sessão de autógrafos; 
  • Peça para alguém escrever o nome do convidado em um post-it e colá-lo na página que será autografada. Assim, você não erra o nome da pessoa na hora de assinar e, caso você não saiba o nome da pessoa ou não se lembre dele, não ficará em uma situação constrangedora.

No dia seguinte ao evento

  • Poste um agradecimento em suas redes e as principais fotos;
  • Envie os registros  a seus convidados, de preferência com um agradecimento personalizado pela presença;
  • Entre em contato com a livraria ou com a equipe de vendas para lhes agradecer e saber quantos livros foram vendidos.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

CONVERSA COM EDUARDO LACERDA, DA EDITORA PATUÁ

 

Hoje qualquer um pode montar uma editora no Brasil. Conversa com Eduardo Lacerda, da Editora Patuá

Tomaz Amorim conversou com Eduardo Lacerda, da Editora Patuá, sobre as dificuldades e possibilidades de editar livros em editoras independentes no Brasil

 

https://revistaforum.com.br/colunistas/hoje-qualquer-um-pode-montar-uma-editora-no-brasil-conversa-com-eduardo-lacerda-da-editora-patua/#


Tomaz Amorim: Qual a dificuldade de manter uma editora independente? O que dá para melhorar na cena?

Eduardo Lacerda: Dá para fazer melhor que a Patuá, mas tudo envolve dinheiro. Acho que você é a primeira pessoa que me pergunta claramente como dá para fazer melhor. Porque eu identifico muitos erros no meu trabalho, mas todos os erros que eu identifico estão muito mais relacionados à dificuldade de fazer alguma coisa a partir do que eu consigo cobrar de cada pessoa, do que da minha capacidade de fazer esse trabalho melhor. O autor chega e eu viro para ele e falo: “Você não vai pagar nada, a gente vai fazer teu livro bonito, com uma edição caprichada, muito melhor do que muita gente profissional por aí”, e ele não paga nada. O que eu consigo oferecer é limitado, porque você precisa de grana pra tudo. O autor não pagou nada e também não vendeu livro, então ele não pode me cobrar mandar para jornais 20 ou 30 livros de graça. Tudo tem custo. Eu não sou um mecenas, não sou rico. Eu não tenho uma história de menino pobre que tem editora, também não é isso. Venho de família de classe média baixa, mas comida em casa nunca faltou. Estudei a vida inteira em escola pública, mas isso daí como 90% das pessoas. Depois comecei o curso de letras na São Judas, não aguentei pagar, paguei 2 meses e fiquei devendo. Acho legal existirem editoras como a do Charles Cosac. Mas eu não tenho grana no banco para investir, eu não sou mecenas, então tudo é equilibrado. Ao mesmo tempo que eu não cobro, eu também não ofereço tanto. Eu recebo 150 livros por mês e consigo publicar 15, sozinho. Sozinho não, o Ricardo Escudeiro trabalha comigo, o Leonardo Matias faz as capas e também edita alguns livros. Então, se você paga um editor, com cinco ou seis mil reais para publicar o livro, ele cumpre prazo, ele faz prestação de contas, ele faz todo o trabalho profissional que dentro da Patuá eu não faço porque também não cobro dos autores uma postura “profissional” neste sentido. Eu tenho autores que já têm 800 livros vendidos e autor que vendeu 10 ou 20 exemplares e deu um prejuízo de mil reais. Mas eu não considero prejuízo. Um cobre o outro, e eu não dou tratamento especial para quem vendeu muito ou para quem vendeu pouco.

Tomaz Amorim: Às vezes há uma preocupação do público de que as editoras independentes publiquem demais. Eu nunca entendi bem essas críticas porque, se a preocupação for com qualidade, as editoras têm alcançado finais de grandes prêmios, publicando tantos autores renomados, quanto iniciantes. O que você pensa sobre isso? Qual a política editorial de vocês?

Eduardo Lacerda: Pois é, e não são só os prêmios. Os livros têm destaque na crítica especializada. E mesmo os que não são poetas de final de prêmio, tem os poetas de literatura marginal que estão trabalhando na rua há muitos anos e que são um orgulho para nós publicar. Por que ele era melhor antes ainda na rua e agora que publica por uma editora se torna pior?

Tomaz Amorim: Eu tenho essa preocupação, e acho que a gente compartilha isso tendo origens sociais parecidas, de que só se possa editar poesia no Brasil de forma independente como um hobby. Se você decide sobreviver sendo editor de poesia, isso significa pagar contas, ter um modelo que não vai te deixar endividado, ou seja, um modelo em que editar poesia seja uma profissão e que permita, quem sabe no futuro, que os autores também possam viver. Claro, tudo isso mantendo uma coerência literária, sem vender porcaria, mas movimentando uma cena literária saudável, que permita a profissionalização de editores, autores a partir da formação de leitores para gêneros até agora menos conhecidos ou apreciados. Minha motivação principal em vir conversar com você hoje é para falar disso. Como isso tem sido possível para a Patuá e como pode ser possível para outras editoras. Falar dessa cena independente, seja lá o que isso significa, para além da Cosac Naify e das outras grandes editoras, por exemplo. 

Eduardo Lacerda: Por exemplo, duas das maiores editoras do Brasil, a Companhia das Letras e a Todavia, que é uma editora de ex-editores da Companhia das Letras, as duas têm banco por trás, o Moreira Sales, o Itaú. Livro é um produto para muita gente, mas não é para a Patuá, no sentido de que a literatura não é um produto. O que você vende é o suporte, não o que é publicado. Você não pode comprometer o seu catálogo, sua coerência de leitura de literatura para vender mais ou vender menos. Mas depois que aquilo está publicado e vem publicado com uma edição bonita, você tem que trabalhar para que isso seja vendido, porque a venda significa você ter mais leitores. E aí nesse sentido, o que é uma editora pequena, o que é uma editora independente? Até um ano e meio atrás eu não tinha um funcionário. A partir do momento que você tem um funcionário, ele não quer saber no final do mês a desculpa de “mas eu sou independente e não tenho dinheiro para te pagar”, “a gente publicou cinco livros de poesias maravilhosos, mas não deu a grana”. Ele conta com aquilo, ele precisa daquilo. Então você se torna um pouco menos independente no sentido financeiro, apesar de que no sentido editorial você pode continuar independente. Mas você depende de venda de livro para pagar aquele seu funcionário e para viver.

Tomaz Amorim: Sem acusações ingênuas a ninguém, porque eu também me incluo nisso, mas eu sinto uma tendência em certos círculos culturais de esquerda de considerar o dinheiro como uma coisa suja ou uma coisa que você não pode ativamente ir atrás. Tudo bem, uma coisa é a lógica do mercado, outra coisa é pagar contas. Eu sinto que isso é uma coisa bastante brasileira especificamente e que no fim das contas é um privilégio porque afinal, quem é que pode se dar ao luxo de não pensar em dinheiro? Quem tem dinheiro!

Eduardo Lacerda: Eu penso muito em pagar as contas dos livros, mas eu não penso em dinheiro Eu não pense no lucro extremado, eu não penso em explorar as pessoas. Minha editora precisa de dinheiro não porque eu quero ganhar dinheiro, mas porque eu tenho contas para pagar, porque o cara da gráfica trabalhou. Eu preciso pensar como vender, mas não em me vender. Vender não é se vender. Eu não posso começar a falar agora que eu vou publicar uma literatura em que eu não acredito só porque isso vai me ajudar com dinheiro. E eu acho que eu tenho um catálogo muito legal para falar isso. Se eu quisesse ganhar dinheiro mesmo, eu não ia colocar o meu nome ali. Eu ia fazer o livro de qualquer jeito. Hoje, eu tenho livros que eu tenho o orgulho de pegar e falar, poxa, que projeto gráfico bonito, olha que ilustração. Tem erros? É claro que tem erros, mas acho que esses erros acontecem em muito porque eu não sou profissional neste sentido comercial. Eu faço coisas bonitas, mas tem que ter a coisa do amador, não de quem faz de qualquer jeito, mas é o que faz do jeito que dá, do que é possível, amador de quem ama.

Tomaz Amorim: Escritor, editor, gráfica e leitor. O sistema literário brasileiro é precário. 65% das escolas brasileiras não têm biblioteca. Nas públicas o número é pior. Livrarias são uma raridade em quase qualquer cidade brasileira. Ou seja, não há um sistema do ponto de vista material, embora haja uma literatura brasileira. E essa literatura brasileira tem classe, tem certos centros, certos grupos. Acho que estamos em um momento legal no Brasil em que outros grupos, ou que sempre escreveram e não foram reconhecidos, como uma Carolina Maria de Jesus, ou começaram agora, começam a aparecer e isso tem implicações gigantescas. Em alguns países da Europa, nos Estados Unidos tem coisa ruim sendo publicada. Romance policial, com muita propaganda na rua, com o mesmo enredo desde o século XIX, mas que vende muito e que mantém o sistema rodando. A mesma coisa é o cinema comercial nacional da Coreia do Sul ou da França, que acaba bancando o cinema artístico (junto, claro, com subsídios estatais, mas isso é outra história). Já aqui no Brasil a gente tem essa posição extrema que é: tem que ser arte pura e imaculada, não pode ter nada a ver com circulação comercial. Para mim essa ideia vem de uma posição privilegiada, justo de quem não precisa ganhar dinheiro com literatura porque já tem de outras fontes. Os grandes escritores brasileiros são diplomatas, compartilham às vezes os mesmos sobrenomes. Claro que nem todo funcionário de embaixada é um Guimarães Rosa, esses são realmente grandes escritores.  A questão não é essa, a questão é pensar essa ampliação que felizmente acontece agora. E pelo que você diz essa é uma das tarefas que você se coloca com a Patuá. Democratizar e pensar a cena. Você vê, não é uma pergunta direta, mas um comentário sobre a cena. Primeiro defendendo que se publique literatura comercial, isso é fundamental para que o sistema funcione. Segundo, qual a relação disso com as dificuldades de se publicar no Brasil.

Eduardo Lacerda: Vamos pensar questões históricas para faltar leitores no Brasil. Você pega a história do livro aqui: o Brasil é o último país da América Latina, provavelmente um dos últimos do mundo, em que o governo permite a produção de livros dentro do país. Chile, Uruguai e Paraguai já tinham prensa, o Brasil não. Era proibido. Quando a família real portuguesa vem fugida do Napoleão para cá em 1808, eles permitem a impressão de livros porque estão aqui, ainda com uma censura prévia. Depois disso, quantas ditaduras ou ditaduras veladas, como a que a gente vive agora, aconteceram no Brasil? O Brasil nunca teve um projeto de formação de leitores, de cultura escrita. O projeto dos Jesuítas no Brasil dizia: “A gente não precisa ensinar o índio a ler e a escrever porque eles não tinham língua escrita anteriormente”. Isso está na história da educação e do livro no Brasil. E isso ainda não se resolveu. As pesquisas mais recentes de analfabetismo dão entre 10 e 15% de analfabetismo em todo país. Tem 220 milhões de pessoas, ou seja, a gente ainda tem 20 ou 30 milhões de pessoas que não sabem ler e escrever. Isso sem contar que o Brasil também é um dos últimos países a acabar com a escravidão oficialmente, embora ela tenha continuado de maneiras veladas muitos anos depois… Então eu acho que, como o Antonio Candido diz, não só a literatura, ler literatura é um direito, mas escrever é um direito.

Tomaz Amorim: E editar também! Se com essa suposta ascensão social, diversificação do que tem acontecido no Brasil, a gente tem que ter todo mundo em todos os cargos. Editar não pode continuar sendo um hobbie de quem tem um bom emprego e quer fazer um bem para a literatura. É ótimo que essas pessoas existam, mas precisamos ir além.

Eduardo Lacerda: A gente pode voltar a um conceito de esquerda: hoje a gente vive um momento em que qualquer pessoa nesse país detém os meios de produção de livro. Qualquer pessoa com acesso ao computador, que saiba ler e escrever, consegue editar um livro. Claro, é bem mais complexo do que isso e eu não estou reduzindo o trabalho do editor. Mas materialmente depende de um computador com acesso ao Word, que transforma o documento em PDF, um escritor e um artista que possa fazer a capa. O problema do Brasil nunca foi escritor, os escritores são maravilhosos, e nunca foram os artistas. Os meios de produção sempre foram o problema.

Tomaz Amorim: Mas e a gráfica? As editoras sempre reclamaram do preço da gráfica para justificar o preço alto do livro no país. Aí entra naquele ciclo repetitivo de que porque o livro é caro não se lê, mas o livro é caro porque tem pouco leitor.

Eduardo Lacerda: A gráfica? Hoje você faz um livro como esse que eu faço, com essa qualidade, a partir de 10 exemplares com o custo de R$8 a R$10 em praticamente qualquer lugar do país. Com R$ 100 você faz um livro.

Tomaz Amorim: Mas isso aqui na região de São Paulo?

Eduardo Lacerda: Sim, mas com o Correio você resolve isso fácil, por mais que encareça um pouco por causa do frete, que dobre o custo, ainda assim você consegue fazer. O que falta para algumas regiões do país são gráficas, mas muita gente faz aqui, às vezes eu até faço a intermediação entre amigos que querem imprimir e a gráfica.

Tomaz Amorim: E não são gráficas secretas que apenas os editores conhecem?

Eduardo Lacerda: Não, eu divulgo esses lugares. Eu estou montando uma incubadora chamada Public Inc que é uma incubadora de editoras independentes. Eu quero ensinar pessoas a montar editoras em outros lugares do país. É um site em que eu listo as gráficas boas que fazem, que explica como tirar ISBN, como montar um site. Compartilhar a minha experiência, o caminho que eu percorri.

Tomaz Amorim: Muito bem, então passada a questão da produção, entra a distribuição.

Eduardo Lacerda: A gente não tem mais um problema dos meios de distribuição. Você não precisa de uma livraria para vender o teu livro porque de qualquer site você envia pelos Correios e consegue vender. Qualquer pessoa monta uma conta no PagSeguro ou no Paypal, aceita débito, crédito, boleto bancário, depósito em conta etc. A única coisa que você precisa ter é uma conta em banco, o que hoje, na minha época não tinha, mas hoje o governo do PT criou, é o MEI, o microempreendedor individual, e formaliza o pequeno negócio. Então hoje, um garoto ou uma garota, de qualquer lugar do Brasil com acesso à internet e computador, abre um CNPJ com o MEI, não precisa emitir nota e até R$ 7000 por mês tem uma editora, paga R$ 50 por mês e está pagando a sua previdência, está pagando imposto para o governo brasileiro e está contribuindo para a sociedade. Isso é revolucionário.

Tomaz Amorim: E na divulgação, a internet resolve.

Eduardo Lacerda: Isso, Facebook, Google, Blog, Twitter, ninguém te barra. O que falta no Brasil ainda são meios de legitimação. E não é que falte exatamente, as pessoas é que pedem por isso. O que são esses meios de legitimação? Saiu na Folha? A USP leu meu livro? Mas quem te legitima é a sua comunidade! Uma molecada do Capão Redondo, Jardim Ângela, Taboão, de várias periferias, às vezes vêm aqui eu falo que de um livro de 100 exemplares eu vendo 50 e eles riem da minha cara. Porque lá eles vendem 300, 400, 1000 livros para a comunidade e ninguém no centro fica sabendo. Às vezes sai uma reportagem na Folha de um livro da Companhia das Letras que vendeu 500 exemplares e aí o garoto ou garota na periferia da comunidade vende 1000 e eu pergunto: esse cara não foi mais o legitimado, essa mulher não foi mais legitimada do que o livro da Companhia ou da Patuá? Foi. Mas, para a sociedade como um todo, essa sociedade que ainda é preconceituosa, a legitimação que vale é a da USP, da Folha de São Paulo, do prêmio Jabuti. Não é que eles não são importantes, existe a importância disso, eu também não sou um cara que nega a importância disso. Mas incomoda que é mais aceito quem vai fazer a centésima tese sobre Machado de Assis do que alguém que estuda um autor contemporâneo que mora na favela. Professor, CAPES, CNPq vão te perguntar: qual a relevância desta pessoa? Poxa, é justo isso o que o trabalho vai mostrar, “deixa eu estudar e aí eu mostro no fim da pesquisa se tem ou não relevância”.

Tomaz Amorim: Pois é, e essa questão dos critérios de relevância, em um país como o Brasil, em que tudo é concentrado, é muito difícil de se resolver objetivamente. Muitas vezes, em um país gigantesco com duzentos milhões de pessoas, os críticos e os escritores têm o mesmo sobrenome.

Eduardo Lacerda: Sim, essa questão da relevância é muito variada. Eu nunca vendo tantos livros em lançamento quanto em cidades do interior. Lá, isso é um evento, dá em quatro ou cinco jornais. Aqui em São Paulo acaba sendo só mais um livro, mesmo que seja como eu já publiquei, um jornalista do Estadão. Vende 100 livros? Vende, mas assim como lá no interior também vende e também é para a família, amigos próximos etc.

Tomaz Amorim: Me fala um pouco sobre essa questão dos leitores. O modelo de negócios das pequenas editoras costuma ser pagar o livro já no lançamento, que é quando a maior parte dos exemplares é vendida. Você tem uma preocupação no seu trabalho de também formar leitores? Qual a relação do editor com eles?       

Eduardo Lacerda: Na minha experiência, existem três camadas de leitores. A primeira inclui amigos e família. Essas pessoas são importantes, elas compram livros e se 10% fizer a leitura, são pessoas que nunca leram um livro deste tipo e que vão ler, ou seja, vai se formando um público leitor no sentido amplo. Claro, essa camada depende muito mais da rede de contatos do autor, então quanto mais família, quanto mais amigos ela tiver, mais ela vai vender. A segunda camada são os outros escritores, eles já estão nesse campo de crítica jornalística, de quem vai dar uma resenha, vai dar uma nota em blog, é gente que segue a cena literária e vai ver uma relevância literária do seu livro. Mas ainda é uma turma carregada de preconceitos. Leitor, leitor mesmo, é uma terceira camada que são pessoas que você não conhece, é gente que ouviu falar e está curioso. Quando este último leitor chega ao tomar conhecimento livro já passou por uma série de preconceitos anteriores, mas este último leitor é com que todo escritor sonha e almeja. Ninguém quer ficar vendendo para a tia a vida inteira. Mas infelizmente, dentro da Patuá, a maior parte dos leitores ainda são as tias, os amigos, os alunos. Porque a gente também não tem uma grana para investir em marketing.

Tomaz Amorim: Quantos livros vocês recebem por mês? Publicam quantos? Quais são os critérios de publicação?

Eduardo Lacerda: A primeira coisa é dar chance para autores estreantes, pessoas que não poderiam pagar pela publicação. Eu sempre publiquei gratuitamente, em um universo de 700 livros publicados acho que 10 pagaram pela publicação. A gente recebe uma média de 100 a 150 originais por mês, mas isso é muito sazonal. Se a Patuá fica finalista de um Prêmio Jabuti, aí explode. Quando a gente ganhou o Prêmio São Paulo de Literatura, que é o maior prêmio financeiro do país, 100 mil reais para os autores, uma semana depois do anúncio do prêmio a gente recebeu 300 originais. Eu não sou capaz de ler todos os livros, eu não quero publicar todos os livros, não quero ser a única editora nesse país, não tenho intenção de crescer além do que eu sou capaz. Quero trabalhar os autores de forma honesta, vender uma quantidade suficiente para que a editora consiga sobreviver e que o autor consiga ganhar com isso. Voltando um pouco aos critérios de seleção, a primeira decisão então é publicar autores estreantes sem cobrar nada. A segunda é publicar a mesma quantidade de homens e mulheres, varia, claro, de acordo com o mês, mas nosso catálogo é meio a meio.

Tomaz Amorim: Obrigado, Eduardo. Vamos torcer para que as editoras independentes floresçam pelo país e que a cena literária se amplie e estabeleça. Parabéns pelo trabalho neste sentido e nos avise quando a Public Inc estiver no ar para divulgarmos as informações!


terça-feira, 23 de novembro de 2021

FEIRA DO LIVRO INDEPEDENTE DE PORTO ALEGRE

 Escrita independente ganha espaço nas ruas de Porto Alegre

Feira foi viabilizada com apoio de autores através de recursos exclusivamente colaborativos


POR JÉSSICA MENDES

O clima agradável do domingo, 17/5, proporcionou o cenário perfeito para a 1ª Feira do Livro Independente de Porto Alegre, que levou centenas de pessoas à Rua João Telles, no bairro Bom Fim, em Porto Alegre (RS). O evento reuniu mais de 80 autores independentes em um espaço preparado para a troca de ideias, exposição e venda direta das obras. Entre os expositores estavam escritores e ilustradores locais.

De acordo com o escritor e organizador do evento, Gabriel Cianeto, a feira surgiu a partir de uma necessidade de ter um espaço no qual pudesse expor suas obras para o público leitor. Por não ser um escritor muito conhecido, achava difícil chegar ao público, apesar de receber um bom retorno nas oportunidades de exposição. “Percebi que faltava essa ligação, essa possibilidade de encontro entre autor e público. Imaginei que houvesse vários outros autores com a mesma necessidade. Foi aí que surgiu a ideia da Feira do Livro Independente”, explica.

Caracterizada totalmente pela iniciativa popular, a feira não recebeu aporte de nenhuma instituição pública ou privada, contando apenas com a colaboração espontânea dos inscritos. Para que o evento fosse projetado, Cianeto teve auxílio de uma equipe atuando na organização. Entre eles, um intérprete de Libras-Português, com o objetivo de levar mais acessibilidade ao evento. Por ter estudado Libras, o organizador diz que compreende a importância da presença do profissional como um fator de acessibilidade social. “Chamamos o intérprete para estar aqui disponível tanto para os autores quanto para os visitantes surdos.”

Inicialmente, a feira estava marcada para o dia 5 de maio, mas precisou ser cancelada devido ao tempo instável. Com isso, a inscrição também foi prorrogada, agregando mais autores para a exposição. O organizador esperava receber entre 20 e 30 adesões, mas foi surpreendido com 60 para a primeira data. “Quando resolvi abrir novamente as inscrições, muitos que não tinham visto a tempo puderam participar, ultrapassando a marca de 80 participantes”, recorda.


Divisão que integra


A Feira do Livro Independente aconteceu de forma simultânea com a já tradicional Tô na Ruaque ocorre no mesmo local. “Somente depois de marcar o evento vi que a Tô na Rua ia acontecer também. Então, fiz contato com a organização do evento e vimos como solução unir o público das duas, como forma de somar”, afirma Cianeto. A junção foi bem vista pelos participantes. Julia Gonçalves, 24 anos, chegou no local para a Tô na Rua, mas se surpreendeu quando viu a Feira. “Foi uma grata surpresa. Gosto muito da leitura e conhecer novos autores é sempre bom”, diz.

Mas não foram só os visitantes que se alegraram com a integração das feiras. O escritor Mário Augusto Pool, autor de sete publicações, esteve presente expondo suas obras, como a mais recente, No Nevoeiro, de 2018. Para ele, mais importante do que capitalizar o livro, é divulgá-lo. “É uma das melhores experiências que já participei, não só em grupo como individual, porque ela tem essa capacidade de prospectar novos leitores. Além disso, é incrível a capacidade de divulgação”, comenta.

Mario dividiu a banca com mais quatro autores que conheceu através de um curso de formação de escritores. Gilberto Fonseca, Felipe Nunes, Adriana Maschmann e Maurício Schames expõem, realizam eventos e buscam a divulgação de suas obras em conjunto. Também novo no mundo literário, Gilberto Fonseca apresentou sua estreia na literatura juvenil, com o livro A Casa no Fim da Rua. Ele elogiou a criação da Feira. “A iniciativa é extremamente interessante e está um clima super agradável. A junção com o Tô na Rua deu muito certo”, fala.

Jovens oportunidades

Mike Lorry, 19 anos, está no Brasil desde 2017. Desde que veio do Haiti, sua terra natal, empenhou-se em aprender a língua portuguesa para poder conversar com o público através das palavras. Na companhia do irmão Joseph, de 14 anos, ele integrou a Feira do Livro Independente com seus três zines, que falam sobre amor, felicidade e sobre sua vida. “É muito bom estar aqui. Vi o evento no Facebook e me inscrevi para participar. É minha primeira vez expondo”, comenta.

Apesar de estar no país há pouco tempo, Mike se esforça e já fala a língua sem dificuldade. Suas obras são escritas em português e inglês. A última publicada, chamada Inimigo em Comum, traz ainda a tradução para o crioulo, sua língua nativa.

A escritora juvenil Miriam Dohrn, uma das primeiras a realizar a inscrição para a feira, apresentou seu primeiro livro, intitulado Detektis. Ela traduz o que a feira representou para os expositores, em suma maioria independentes. “Foi uma importante oportunidade para os autores que não têm uma editora e nem um espaço em livrarias para expor suas obras direto para o público”, cita.

Com o sucesso da primeira experiência, Cianeto já projeta uma segunda edição. A ideia é realizar a feira anualmente. A pedido de alguns autores, será estudada a possibilidade de um evento semestral. “Todos os retornos que eu tenho recebido é de que estávamos precisando de um evento assim, de ter um espaço para escritores independentes”, finaliza.


https://medium.com/betaredacao/feira-do-livro-independente-reuniu-80-escritores-em-porto-alegre-8d300c0d4d55

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

FINLÂNDIA, UM PAÍS AMIGO DA LEITURA


Os finlandeses amam livros. Cada cidadão compra 4 títulos e faz empréstimo de mais 12 na biblioteca, ano após ano.

A literatura sempre esteve no coração dos finlandeses, e talvez hoje esteja mais presente do que nunca. Mais de 20 milhões de livros são vendidos na Finlândia a cada ano, o que representa uma média de 4 livros por pessoa, incluindo o público infantil.

Na Finlândia, assim como em qualquer outro lugar, os leitores são claramente divididos em: compradores assíduos de livros e outros. Aproximadamente um em cada seis finlandeses com idade entre 15 e 79 compra pelo menos 10 livros por ano. Juntos, esses compradores assíduos adquirem mais de metade de todos os livros vendidos. Em geral, a aquisição de livros é algo bastante comum: três entre quatro finlandeses compram pelo menos um por ano.

O advento da internet não parece ter afetado a popularidade dos livros em uma grande escala. Por exemplo, em 1995 (antes do uso da internet se tornar global), uma quantidade ainda menor de livros eram comprados na Finlândia comparada à realidade de hoje. Portanto, a popularidade dos livros aumentou mesmo com as grandes proporções tomadas pela mídia eletrônica. E não é só isso: os preços dos livros aumentaram em uma proporção maior do que seus volumes. Os leitores estão dispostos a pagar mais por seus livros.

Os livros de ficção finlandesa permanecem no topo da lista de mais populares no país, apesar de obras do mesmo gênero traduzidas de outros idiomas venderem muito bem também (mesmo após registrar uma ligeira queda nos últimos tempos). Aproximadamente um em cada três finlandeses leu algum livro de ficção nacional no ano passado. Outros livros bastante adquiridos são os de história, economia doméstica (livros de culinária em especial), memórias, crime e infantis. Os leitores do país estão lendo cada vez mais traduções de livros de ficção escritos em outras línguas.

Os livros se tornaram um presente bastante tradicional na Finlândia. Porém, este cenário está mudando bastante, pois as pessoas estão comprando cada vez mais livros para si mesmas. Aproximadamente metade dos livros comprados como presentes são destinados a membros da família (e provavelmente serão lidos no futuro por quem os comprou).

A terra das bibliotecas

A Finlândia é um país repleto de bibliotecas, há pelo menos uma por município. As mais de 300 bibliotecas centrais do país têm 500 filiais, especialmente em áreas esparsamente populadas. Também há bibliotecas móveis (em forma de ônibus especialmente equipados). As bibliotecas móveis realizam apenas 10% dos empréstimos em todo o país. A Finlândia tem até mesmo um barco-biblioteca. Incrível, não? Um sistema de reserva permite que bibliotecas móveis ofereçam os mesmos livros que as bibliotecas centrais.

A moderna biblioteca móvel abriga uma seleção de aproximadamente 4000 títulos, que vão de livros a revistas, jornais e material audiovisual. Os itinerários das bibliotecas móveis contêm dezenas de pontos. Mesmo em uma região com população relativamente densa, como a do norte do país, uma biblioteca móvel pode registrar até 50.000 quilômetros percorridos por ano (no norte, as distâncias são maiores).

Tendo como base os padrões europeus, os serviços prestados pelas bibliotecas públicas finlandesas são tecnologicamente avançados e substanciais em termos de volume. As bibliotecas são gratuitas, e cobram apenas pequenas multas para atrasos na entrega.

Seus serviços são extremamente populares e elas são usadas com bastante frequência (aproximadamente 40% dos cidadãos são usuários assíduos e visitam a biblioteca pelo menos duas vezes ao mês). Em média, os finlandeses fazem empréstimos de livros mais de uma vez em um prazo de 30 dias. Ainda, analisando o caso por outra perspectiva, as bibliotecas contêm pouco mais de 7 livros por pessoa, e cada livro é lido em média duas vezes e meia por ano.

Bibliotecas também adquirem grandes quantidades de livros. A cada ano, elas investem mais de 300 euros por cidadão na aquisição de livros e outros materiais. As bibliotecas também beneficiam escritores: autores e tradutores podem se candidatar para receber uma bolsa de financiamento para a produção de suas obras. Essas bolsas também são dadas como prêmio para autores que não podem trabalhar por causa de restrições impostas pela idade ou doenças.

Apesar dos livros serem o item em maior proporção nas coleções de bibliotecas públicas, há muitas outras coisas à disposição dos frequentadores: revistas, jornais e material audiovisual.

Rede de bibliotecas na Finlândia

  • Mais de 300 bibliotecas centrais
  • Mais de 500 filiais de bibliotecas
  • Mais de 150 bibliotecas móveis
  • Mais de 12.500 pontos de parada da biblioteca móvel
  • Um barco-biblioteca

https://finland.fi/pt/vida-amp-sociedade/finlandia-um-pais-amigo-da-leitura/



REPORTAGEM SOBRE LANÇAMENTO DE LIVROS

 Uma reportagem interessante sobre lançamento de livros


https://www.youtube.com/watch?v=OeQXfItbDAI

CASA DA LITERATURA CATARINENSE

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