1.
Fale um pouco do livro que você publicou...
JULIANA: O
livro se chama “Manual - o que os homens jamais devem fazer na hora do sexo”. É
um livro de humor feito com participação de diferentes mulheres que eu
entrevistei, que falaram sobre as mancadas masculinas na “hora H”, Eu peguei
todos esses depoimentos e dividi em trinta capítulos ilustrados. Cada capítulo
sobre um tema específico, falando sobre o que desagrada as mulheres na hora do
sexo. É um livro que ensina a partir do humor.
2.
A publicação foi você quem pagou ou foi com
alguma editora?
JULIANA: Eu
paguei todos os custos de impressão. Eu fiz com uma editora que na época se
chamava Palavra Com, que era a editora da assessoria de imprensa onde eu
trabalhava, então eu fiz por eles e essa parte de custos de tudo o que eu
precisava da editor, eu não tive. Agora, toda parte de custos para poder
registrar o livro, para poder imprimir, a distribuição e os demais custos que
vieram pela frente, isso tudo foi minha responsabilidade.
3.
Seu livro vende bem?
JULIANA:
Não, não vende. Eu aprendi com base nesta experiência que não basta só você ter
uma excelente ideia para um livro, você levar adiante, você publicá-lo. Tem uma
parte que é tão importante, que é justamente onde que eu vou vender, de que forma
eu vou distribuir, a questão da própria cópia on line, que é essencial termos para um livro, então nesse aspecto
da minha publicação eu errei; eu errei, mas eu digo que eu errei porque eu não
sabia. Foi um aprendizado. Eu vendi bem os meus livros nos eventos posteriores
que eu vim a promover. Agora, pela internet ou até mesmo, nas livrarias ele não
vendeu bem. Mas eu sei que não vendeu por falta de estratégia minha, de
comercialização. Se eu tivesse feito da forma correta, sim, teria vendido muito
bem.
4.
Onde seu livro pode ser encontrado?
JULIANA: O
livro atualmente ele pode ser encontrado... creio que ainda tenham algumas
cópias na Amazon e é só! Porque são poucas cópias que sobraram e eu não vou
fazer novas edições. Do livro físico eu não vou fazer novas edições. Eu prefiro
partir direto para o on line.
Atualmente, creio que a única opção em que ele possa ser encontrado é na
Amazon.
5.
Qual a pior parte: escrever, publicar ou
vender?
JULIANA: Sem
dúvida, para mim, disparado, mil por cento, foi vender. Porque escrever foi
muito fácil. O livro foi elaborado de uma maneira muito rápida. Publicar também
foi tranquilo, porque como eu estava ali numa assessoria de imprensa de uma
editora fazendo parte, o processo foi muito tranquilo, agora, vender, de todos
os três foi o desafio maior. E é o que eu digo para todas as pessoas hoje em
dia que querem lançar os seus livros: “pensem em escrever, publicar, mas acima
de tudo, em como você vai distribuir ou vender, porque a chance de você ficar
com muitas caixas encostadas, é imensa, se você não souber como dar vazão a
essas obras.
6.
O
título do seu livro é: “Manual: o que os homens jamais devem fazer na hora do
sexo”. Você nunca teve qualquer problema em falar sobre este assunto, ou seja,
falar de sexo não é um problema para você?
JULIANA:
Não! Nunca tive, considero extremamente natural porque na minha casa, a minha
mãe, comigo, foi uma pessoa extremamente esclarecida, no sentido de me ensinar
tudo sobre o aspecto sexual. Tanto que, quando eu quis ter a minha primeira
experiência ela me levou na ginecologista. Eu aprendi como usar a pílula
anticoncepcional, os métodos necessários para evitar doenças transmissíveis.
Quando eu tive a primeira experiência eu falei para a mãe; ela sempre foi a
minha melhor amiga, então eu digo que, em casa, esse assunto com ela sempre foi
muito normal, natural, então para mim não é um tabu. Ao contrário,
infelizmente, muitas pessoas que consideram falar de sexo um tabu, uma
vergonha, algo limitante e que passam a vida inteira sem saber o seu real
prazer, porque simplesmente tem vergonha de bordar o assunto – o que
definitivamente comigo eu tive o privilégio de ter uma mãe esclarecida que me
ensinou muito sobre como ser feliz no sexo e o que me dá prazer, que é o que
hoje em dia eu tento ensinar para as mulheres, que elas precisam e merecem sim,
ter muito prazer.
7.
Você
possui formação acadêmica em jornalismo, de que forma a veia de jornalista
interferiu ou influenciou na hora de escrever o seu livro?
JULIANA:
Total, total! Porque o livro partiu, de um forma muito despretensiosa, ouvindo
minhas amigas no Rio de Janeiro, comentarem nas nossas saídas, nos muitos
brindes que fazíamos, sobre as mancadas masculinas na hora H. O que os
parceiros delas, os namorados, ou as experiências que elas tinham tido e que
não tinham sido muito legais... E eu comecei a falar: “Pôxa, é impressionante
com alguns casos acabam se repetindo, ou seja são mancadas masculinas que se
repetem com diferentes mulheres e os homens muitas vezes não se tocam sobre
isso”. E eu comecei de uma maneira muito descontraída, enquanto jornalista a dizer:
“Olha, eu inda vou escrever um livro sobre isso”. E quando eu vi que realmente
era o momento, eu entrei em contato com dezenas de mulheres, fiz as entrevistas
com elas, coletei inúmeros depoimentos, alguns muito engraçados, outros muitos
sérios e eu distribuí, então, nesses capítulos do meu livro e, os assuntos mais
sérios eu acabei abordando futuramente, no programa de rádio que eu lancei, que
foi o Bafão de Bar e, também nas palestras que eu vim a ministrar, que falava
muito quando “príncipe vira sapo” – que é justamente o lado um pouquinho mais
sério, um pouquinho não, o lado mais sério da questão.
8.
Você
também é palestrante; quais os temas que você aborda nas suas palestras.
JULIANA: As minhas palestras principais são
voltadas para a comunicação, que é o meu carro chefe. Então, como você ter uma
comunicação poderosa que transforme a sua vida, dentro disso, com diferentes
temas que eu abordo. E tem também as palestras que vieram derivadas do livro,
que não é o que eu aplico com mais frequência, mas que eu acabei usando para
aprofundar temas que não estão no livro. Então se o aspecto for as palestras
voltadas para o livro, a principal é “Quando o príncipe vira sapo”, que eu falo
sobre a questão do que incomoda as mulheres na hora H, mas principalmente o
nosso papel feminino na hora do sexo, que nós, muitas vezes nos omitimos. Não
falamos aquilo que nos dá prazer e que num relacionamento ou até mesmo em um sexo
ocasional pressupõe que você tenha prazer, que você esteja bem naquele momento.
E para isso você tem que ter ciência sim, do que é aquilo do seu conjunto
daquilo que lhe dá prazer e de como ter prazer nesse momento. Então nesse
aspecto, o principal tema de palestra é “Quando o príncipe vira sapo”!
9.
Você
foi atleta da natação e venceu muitas provas e campeonatos; você nunca pensou
em escrever um livro sobre essa experiência esportiva que você tem?
JULIANA: Eu
não penso em escrever um livro sobre isso, mas eu trago toda esta experiência
para o meu trabalho atual, falando da questão de termos persistência, do quanto
que, muitas vezes eu treinava um ano inteiro, para uma única prova e, quiçá,
para melhorar os meus tempos, a questão do acordar cedo, do persistir com muito
foco por que? Porque isso, hoje em dia, na questão de comunicação, de gravação
de vídeo e tantas outras coisas que tangem o meu trabalho, elas são experiências
de vida que eu trago para esse lado. Se a pessoa quer ser boa naquilo que ela
faz, ela tem que treinar, ela tem que permitir-se errar, ela tem que melhorar e
evoluir. E tudo isso eu aprendi, sim – muito -, na minha carreira de atleta e
todas estas experiências eu trago para que as pessoas entendam que elas são
capazes, que elas podem conseguir, mas elas tem que ir atrás, treinar,
melhorar, evoluir. Que é só dessa forma que elas vão conseguir atingir a
excelência naquilo que elas querem.
10.
Existe
uma frase motivacional, que não sei de quem é... A frase diz o seguinte:
“quando seus braços não aguentarem mais, nade com o coração”. O coração de um
atleta, geralmente, é mais forte do que o de uma pessoa sedentária. E o teu
coração de escritora é mais sensível do que uma pessoa que não escreve, ou isso
não se aplica?
JULIANA: Na
minha época de atleta, muitas vezes, o meu braço já não aguentava mais, mas eu
ouvia o barulho das arquibancadas, os meus colegas, o meu técnico, a minha mãe,
o assovio dele que era uma coisa muito marcante. E eu tirava energia não sei de
onde, e é o que nós chamamos de sprint
final, aquele momento em que você não aguenta mais, os seus braços você não
sente mais, mas que você tira energia do fundo da alma, do teu coração para
poder concluir uma prova e muitas vezes decidi-la nos segundos finais, com base
no coração. Isso acontecia muito, muito mesmo, na minha experiência de atleta.
No caso do meu coração de escritor, eu digo que não importa se é uma escritora
ou não, a minha sensibilidade, o meu trabalho, tudo o que eu faço, independente
de ser no livro, nas palestras, nos meus vídeos, nos meus eventos, nas minhas lives, e falo com o coração, porque são
experiências que eu vivi, eu falo com propriedade. Tudo aquilo eu senti, eu
tenho marcado na minha pele. Então é isso que me faz falar com o brilho nos
olhos, com segurança e com a certeza que quando eu abro a boca ou quando eu
escrevo, eu estou falando com base naquilo que eu vivi. E eu quero que sirva de
experiência para iluminar a vida de outras pessoas e para que elas saibam que
elas também são capazes. Então eu digo que isso, independente do caminho que
seja, é o sentimento de que você passou, de que você conseguiu, de que você tem
uma história linda, que serve de inspiração e que isso sim é que me torna
sensível para falar com brilho nos olhos e ajudar outras pessoas a
transformarem as sus vidas.
11.
O
que há em comum, nestas três atividades: natação, comunicação e na escrita?
JULIANA: A questão do foco, você focar o que
é que você quer, você tem que ter muito claro. A ousadia, porque quando eu
decidi escrever um livro, é um tema que para muitas pessoas é tabu, mas é a
ousadia de ir além e de fazer. Porque eu tinha um compromisso com as mulheres
que deram as entrevistas para mim e eu precisava levar esta mensagem adiante. A
determinação, sem dúvida, porque em muitos você vai querer desistir, mas você
tem que ter a determinação e a anti-fragilidade. Porque em alguns momentos,
você vai passar sim, por situações que você vai questionar: “Pôxa, que coisa,
eu estou me sentindo no chão agora”. Mas você tem que ter a anti-fragilidade
para levantar, sacudir a poeira e seguir em frente. Então, independente de ser
na natação, na comunicação, nos eventos que eu ministro ou na escrita, você tem
que ser F.O.D.A., e acima de tudo, saber que independente da área, é um
constante aprendizado. Você tem que saber levantar, você tem que saber superar
muitas vezes as decepções e ir em frente. Treinando, evoluindo, estudando e aí
é a mesma resposta que eu já dei em uma pergunta anterior, sabendo que para
você ser boa em determinada coisa, você tem que fazer, treinar muito,
permitir-se errar, encarar as decepções, pegar toda esta experiência para
colocar em prática novamente e evoluir. Independente da área, é só dessa forma
que você consegue sim, ser cada vez melhor e alcançar os seus lindos objetivos.
12.
Em
uma competição de natação, é possível ver o público, antes de pular na água. Da
mesma forma, em uma palestra, você visualiza a plateia antes e durante a sua
fala. Mas quando se publica um livro, não é possível ver ou quantificar as
pessoas que terão conhecimento do que você faz. Essa característica da
literatura te incomoda de alguma forma ou você não liga para isso?
JULIANA: Na
competição de natação, sim, é possível ver o público, da mesma forma que das
palestras, mas quando eu escrevi esse livro, eu já sabia direitinho o público
com o qual eu ia conversar e, acima de tudo, eram as mulheres, que tinham de
uma forma corajosa, contado as suas experiências, que tinham feito confidências
para mim; e confidências, muitas vezes, seríssimas e esse compromisso que eu
tinha com elas. Então eu escrevi esse livro enxergando cada mulher que
participou dessa obra e o meu compromisso foi com elas, com elas. De fazer com
que este livro acontecesse, para que, novamente, por meio do humor, eu pudesse
despertar as pessoas, em especial, os homens, para as mancadas masculinas na
hora H. Mas, acima de tudo, por meio das reflexões que vieram a partir disso,
para que nós, mulheres, saibamos que nós temos direito sim, a ter prazer, a
olhar para o sexo, sem tabu, sem a vergonha, cientes de que isso faz parte do
nosso dia a dia, no sentido de nós mulheres, independente se é com nosso namorado,
se é de uma forma solitária, ou então com um amante, ou então com seu marido...
Mas nós sabemos que nós merecemos sim, ter prazer e que nós já fomos muito,
muito subjugadas, muito oprimidas, ao longo dos séculos, com uma sociedade que
fez com que nós pensássemos que ter prazer é uma coisa indecente, que é uma
coisa vergonhosa, quando no fundo é uma coisa que faz parte, sim, da nossa
experiência. E nós merecemos, ter muito prazer. E foi pensando nelas e olhando
para elas que eu fiz este livro.
13.
Tanto
no jornalismo, na comunicação oral e na escrita, ter um bom vocabulário,
conhecer as palavras e saber utilizá-las é algo fundamental. Qual é a importância
da leitura nesse processo de conhecer as palavras?
JULIANA:
Total, essencial. E digo para ti que, enquanto jornalista, eu aprendi a ter um
apreço pela escrita, e eu já gosto de ler, naturalmente. E isso me trouxe um
vocabulário mais rico de palavras. Acima de tudo, aprender a grandeza de como
usar as palavras de forma correta; de como não repeti-las; de como tornar um
texto mais atraente, atrativo; como fazer uma construção adequada, para
despertar a atenção dos leitores e fazer com que a leitura deles fosse de
fato..., com que eles ficassem preso naquilo, durante o tempinho que leva cada
capítulo ou até mesmo, a leitura total da obra. Então é essencial, tanto na
comunicação oral, quanto na escrita, ter um vocabulário rico, ter sinônimos,
conhecer as palavras, construir bem as sentenças e fazer com que a mensagem seja
passada e entendida de uma maneira muito simples. Porque não me interessa usar
palavras que as pessoas desconheçam, mas me interessa sim, usar essa riqueza
infinita do nosso vocabulário para tocar o coração das pessoas e aí sim, elas
vão se sentir completamente engajadas com a minha obra e essa é a grandeza da
comunicação, onde quer que ela seja usada, é tocar o coração das pessoas.
14.
Na
sua percepção, atualmente as pessoas jovens sabem se comunicar corretamente?
Justifique...
JULIANA:
Nãããoo. Com um não em caixa alta. Os jovens estão perdendo a habilidade da
comunicação. Porque eles não estão mais se comunicando mais como nós fazíamos
no meu tempo, que era uma comunicação pessoal. Você olhava para os outros, nos
olhos; tinha convivência. Hoje em dia tudo é feito por meio de um celular, você
não tem mais aquele convívio direto e, muitas vezes as pessoas usam a própria
escrita de uma maneira... usando abreviação das palavras, até mesmo tornando as
palavras erradas, como é o fato de escrever o “aqui”, como “aki”. Começam a ter
essas deturpações do vocabulário. As pessoas perdem esse contato com os outros,
basta ver, por exemplo, quando eu saio, que eu vejo famílias sentadas na mesa,
onde cada jovem está com seu celular, se for uma criança, provavelmente ela vai
estar com tablete, os pais igualmente se comunicando via celular e ninguém mais
conversa. E com base nisso se tornam jovens completamente ineptos para
estabelecer qualquer tipo de comunicação. Porque a única comunicação que eles
conhecem é a comunicação via celular, via mensagem ou via rede social. Então, a
riqueza da comunicação está se perdendo. E eu vejo que os jovens de hoje tem
uma dificuldade extrema em se comunicar, o que é lamentável.
15.
A
comunicação escrita na atualidade, é mais fácil ou difícil que a comunicação
oral? Justifique...
JULIANA: Por tudo o que eu vejo nos meu
treinamentos, nas minha mentorias, é que tanto na comunicação escrita ou na
oral, para as pessoas, está se tornando um grande peso, um grande fardo. Elas
estão perdendo a habilidade. As escritas, hoje em dia, elas estão muito
enfraquecidas porque já não há mais o apreço pelo vocabulário correto. As
pessoas não sabem mais escrever corretamente. E aí nós vamos para uma segunda
etapa: os nossos jovens já não leem mais; e não só os jovens; os jovens, os
adultos, enfim... As pessoas não tem mais o apreço pela leitura e como isso
acontece elas não sabem mais escrever e daí a comunicação que elas acabam
aprendendo é a do dia a dia, cheia de vícios de linguagem, uma comunicação, muitas
vezes, agressiva, sem nenhum tipo de empatia ou com palavras corretas, porque é
como elas escutam. Mas não é, muitas vezes, a forma correta de se expressar.
Então fica uma comunicação oral muito pobre de vocabulário, muito repleta de
erros de conjugação, erros de colocação e você vê as pessoas que acabam não se
comunicando de uma forma oral ou tendo muito medo, muita dificuldade, porque
elas não sabem de fato, como falar. Uma coisa é você falar com seus amigos, no
dia a dia, outra coisa é você se apresentar para os outros. E aí elas travam
porque, falta sim, este trabalho, esse desenvolvimento, esse lapidar de uma
comunicação que seja eficiente, que seja construtiva, que seja muito bem
colocada. Nós estamos, infelizmente, perdendo sim, a nossa habilidade de
comunicação, seja escrita, seja falada, ou até mesmo para a leitura.
16.
Rubem
Alves afirmou: “Sempre vejo anúncios de oratória... Nunca vi anúncios de
escutatória... Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender, a ouvir!”
O que é mais difícil: escrever bem, falar bem ou saber ouvir?
JULIANA: O mais difícil é ouvir. As pessoas
escutam, mas elas não sabem ouvir. Para muitas, não importa o que você fale,
elas só vão estar interessadas naquilo que elas querem. É difícil hoje em dia
nós termos, com a correria do dia a dia, nós termos a paciência e digo mais, o
amor necessário para parar, dar aquela respirada e simplesmente nós usarmos o
tempo necessário para ouvirmos com amor, com carinho e com atenção, aquilo que
se diz. Normalmente nós queremos escutar para responder, não para absorver e
responder de uma maneira afetiva e isso é muito triste. Eu, por exemplo,
justamente nisso, pela falta de paciência das pessoas, da falta de carinho de
amor, para ouvir os nossos idosos, principalmente, eu acabei criando uma rede
de escutatória de idosos. Porque eu vejo muito, as pessoas da terceira idade,
com histórias lindas para contar, com uma experiência de vida que é magnífica e
sem ninguém disposto a, simplesmente, parar e ouvir. E é muito doído você viver
a sua terceira idade no silêncio, porque ninguém está a fim de, simplesmente,
parar e te ouvir. Foi por isso que eu criei a escutatória de idosos, para que
essas pessoas saibam que elas não estão sozinhas e que tem pessoas sim,
dispostas a ouvir a sua imensa experiência de vida. Então, ouvir é um ato de
amor e são poucos aqueles que estão dispostos.
17.
Vendo
o seu site, há um texto que aborda o medo das pessoas em gravar um vídeo,
quando você afirma: “Vai! E se der medo, vai com medo mesmo!”. Será que as
pessoas não sentem medo na hora de escrever e publicar um livro? Você aconselha
também a escrever e publicar um livro, mesmo sentindo medo de ser julgado por
outras pessoas?
JULIANA: O medo do julgamento alheio,
independente de onde seja, ele acontece. As pessoas tem medo de estar nos
holofotes, do que os outros vão pensar. Uma síndrome muito comum é a síndrome
do impostor, de pensar que eu não sou bom o suficiente e, as pessoas,
literalmente travam por não querer que pensem mal a seu respeito, ou até mesmo,
"o que é que vão pensar de mim? E eu nem vou fazer porque eu tenho este
medo”. Então eu digo isso para o vídeo ou para onde quer que seja, nós temos
que, cada vez mais, termos noção do nosso valor, pararmos de sermos refém desse
julgamento alheio que só nos paralisa, que faz com que nós não tenhamos a
coragem necessária ou o estímulo para arriscar, porque nós já pressupomos que
vai dar errado, que vai ficar um horror. “O que as pessoas vão pensar de mim”?
E eu digo: “dane-se o que as pessoas vão pensar”! Porque só tem uma forma na
vida de nós irmos além, que é fazer! Eu garanto! As primeiras vezes, talvez não
fique bom, mas quanto mais nós fizermos, nós vamos evoluir. Então nós temos que
ter esta anti-fragilidade muito bem talhada, para saber que faz parte da vida
nós termos sim, momentos onde talvez, nós não tenhamos uma boa performance, mas
é só desta maneira: fazendo, que nós vamos conseguir ir além. Na hora que nós
tirarmos essas amarras do julgamento alheio e nós nos permitirmos fazer, nós
vamos voar. Só dessa maneira é que nós vamos voar!
18.
CHEGA
DE MIMIMI! PERMITA-SE BRILHAR é o tema de uma das suas palestras, onde você
aborda o fato de que algumas pessoas só enxergam a dificuldade e o lado
negativo de tudo e também, o medo de falhar. No que você tem medo de falhar?
JULIANA: Eu não tenho medo de falhar, porque
com base em minha experiência de vida, eu já entendi que falhar faz parte do
processo e só dessa forma que eu consigo ir além. O fato é que nós vivemos em
uma sociedade que encara nossas falhar ou aquilo que não deu certo como
derrota. E não como aprendizado, como parte da vida. Por isso que quando algo
dá errado muitas pessoas se destroem, ficam “lá embaixo”, porque não conseguem
vislumbrar que isso simplesmente foi mais uma etapa rumo ao seu objetivo muito
maior. Então eu não tenho medo de errar, porque errar ou falhar faz parte da
jornada e, eu já dei muito com a cara na porta, já levei muito não, eu já
fiquei muito no chão, eu sei o que é recomeçar do zero, sem nada, porque algo
não deu certo. Mas eu peguei todas essas experiências e construí a minha
trajetória de vida de sucesso. E hoje em dia eu digo: “eu me sinto muito feliz
e muito realizada”! Mas quando eu olho para trás, eu vejo que consegui sim,
fazer este caminho, porque eu entendi esse momento de derrota, como alguns
poderiam dizer, como aprendizado. Aprendizado para fazer melhor ainda da
próxima vez e hoje em dia, se eu sou uma pessoa anti-frágil é porque eu tive de
lidar com muitos momentos de falhas. Mas foram elas, foram os nãos, foram os
momentos de derrotas que me fizeram apreciar, (nossa!), ainda mais, as minhas
conquistas.
19.
Há
uma frase (que infelizmente eu não sei de quem é), que diz o seguinte: “Seja
eficiente e eficaz: o eficiente joga bem e o eficaz faz o gol”! O seu lado de
escritora é mais eficiente ou eficaz?
JULIANA: Eu sou muito mais eficiente do que
eficaz. Eu fui muito eficiente ao escrever o livro, ao publicar, ao definir a
questão... tudo, tudo! Todos os processos, embora fosse a minha primeira
experiência, eu fui muito eficiente e deu super certo. Agora, sem dúvida, eu
não fui eficaz na hora de fazer a venda e nem a comercialização. E isso foi um
ponto que, nas próximas experiências que eu tiver enquanto escritora, eu vou
buscar, com certeza, ser eficiente, mas também, ser muito eficaz, no meu
propósito, do que eu quero, exatamente com este livro. Mas, por enquanto, nessa
experiência que eu tive, eu fui muito eficiente, mas sem dúvida, em uma segunda
experiência, quando eu tiver, eu vou toda eficiência, que eu já tenho, mas
também, ser eficaz, que faltou sim, quando eu lancei o Manual.
20.
O
poeta colombiano Jorge Gaitan Duran afirmou: “o amor e a literatura coincidem
na procura apaixonada, quase sempre desesperada, da comunicação”. Gostaria que
você comentasse esta frase...
JULIANA: Eu sou uma pessoa apaixonada pela
vida e essa minha paixão, essa minha vibração se reflete na minha comunicação,
se reflete onde quer que seja. Então eu digo que, independente de ser no amor,
na literatura, no dia a dia, onde quer que seja, eu amo a vida. Eu sou uma
pessoa apaixonada por viver, por tudo o que eu faço. Eu sei muito bem onde
quero chegar, eu tenho esse propósito extremamente bem definido e isso faz com
que os meus olhos brilhem, com que eu acorde de manhã e vá dormir, todos os
dias tendo a certeza da minha missão de vida e sendo muito grata. Eu sou muito
grata por minha missão de vida; por ser quem eu sou, por minha trajetória, por
minha história que eu tenho muito orgulhos. Por tudo aquilo que eu ainda vou
conquistar. Eu sou uma apaixonada pela vida e é isso o que me move todos os
dias.
21.
Mário
Quintana afirmou que: Poesia é comunicação... a sós. Isso não chega a ser uma
contradição, já que na comunicação é necessário ter quem passa a informação e
quem a recebe? Qual a sua opinião?
JULIANA: Para mim comunicação é tudo! Como
isso é a minha vida, comunicação é o que você diz, é o que você não diz... Os
estudos apontam que, mesmo de boca fechada você já transmite diferentes sinais.
Cinquenta e cinco por cento da percepção que as pessoas tem ao nosso respeito é
por meio das palavras não ditas, são os seus gestos, é o seu semblante, é o seu
sorriso, é a sua postura, é tudo aquilo que você vibra. Então, nós vivemos em
constante comunicação e isso pode ser você com você mesmo, sozinho, como é a
sua comunicação, você com as outras pessoas e independente da situação. Por
isso que eu digo: “nós temos que vibrar, acima de tudo, uma comunicação que
seja positiva, construtiva, poderosa. Mesmo sozinha, como eu estou aqui, para
gravar estes áudios, eu estou feliz, eu estou sorrindo, eu estou vibrando e
essa sou eu. Porque eu vibro, acima de tudo, na minha comunicação, mesmo de
boca fechada, essa paixão pela vida. Quando eu abro a boca, aí mesmo é que vem
com tudo, essa tsunami de força que eu sei que eu tenho. Porque isso para mim é
comunicação, é vibrar as coisas boas, positivas e, acima de tudo, toda essa
gratidão e paixão que eu sinto por estar viva.
22.
Na
natação, quanto mais rápido a pessoa for, melhor será o seu resultado. Na
comunicação esse princípio também se aplica? Justifique sua resposta...
JULIANA: Independente se for na natação ou na
comunicação o princípio que vale é: tenha determinação, foque no seu objetivo,
pratique todos os dias, evolua sempre, entenda que, às vezes, as derrotas ou o
aquilo que não dá certo faz parte da jornada, mas você tem que saber que é
desta forma que os excelentes resultado vão ser alcançados. Quando eu vejo, na
natação, no caso da pessoa ser a mais rápida, esse centésimo que a pessoa
economiza no tempo, muitas vezes treinando um ano para economizar um centésimo,
um décimo, é o resultado de um esforço diário, de muita prática na piscina, de
uma superação constante, de ter que lidar com muitas frustrações, com o
cansaço, com momento em que você vai pensar em desistir. E isso também vale
para a comunicação. Você se apresentar bem é o resultado de muito empenho, de
muito investimento, de muita superação, de muito autoconhecimento, então são
extremamente similares, independente de ser na piscina, ou na comunicação, o
que vale é: preparar, focar, ir além, ousar e fazer melhor, todos os dias.
Porque você sempre tem que buscar o seu melhor e fazer acontecer, sempre!
23.
É
possível afirmar que quando você faz as coisas, elas resultam em sucesso, como
exemplo temos a sua carreira como nadadora e também como palestrante. Na
literatura, você espera ter um sucesso similar à natação e ás suas palestras?
JULIANA: Eu sou uma pessoa muito determinada
e essa determinação da época de atleta eu acabei levando para outras áreas da
minha vida, incluindo as palestras e a literatura. Da literatura eu sei que
tenho um vasto campo a ser explorado, porque eu escrevo muito bem, eu tenho
paixão por escrever e tem muitas obras que eu quero lançar, sim. E elas vão ser
desenvolvidas na hora certa. O sucesso principal que eu quero com as minhas
obras e independente de onde seja, é transformar a vida das pessoas, é fazer
com que elas entendam que o que falo, o que eu escrevo e apresento é a minha
experiência. Eu passei por aquilo, eu vivi, eu sei qual é o caminho das pedras
e eu sei como ajudá-las nessa transformação. Na hora em que ministro um evento,
ou faço a mentoria e que a pessoa consegue entender aquilo que eu estou
passando e consegue colocar em prática e tem de fato, a sua vida transformada por
isso, “nossa”, valeu muito a pena. É como se a minha missão de vida se
concretizasse e é isso que eu espero. Não é um sucesso pelo sucesso! Mas é o
sucesso que eu recebo todos os dias, de mensagens carinhosas, de pessoas que
dizem: “Nossa, Juliana, você mudou a minha vida. Você me fez ser uma pessoa
melhor”. Esse é o sucesso! Para mim, esse é o sinônimo de sucesso.
24.
Você
já está preparando o próximo livro, ou ainda é cedo para pensar sobre isso?
JULIANA: Eu tenho diferentes ideias para
livros, falta agora concretizar as ações para torna-los reais. Mas o principal
é que serão obras focadas em toda minha experiência de jornalista, de
comunicação, de todo o trabalho que eu desenvolvo, de comunicação enquanto
vibração e, provavelmente vai ser nesta linha de transformação por meio da
comunicação. Como fazer para talhar bem, quem você é para poder brilhar na
comunicação, fazendo com que as pessoas entendam que elas não precisam ser
perfeitas, que elas não precisam ser maravilhosas, que elas tem que sair dessa
neura de não errar, mas elas tem que aprender, viver a vida na sua plenitude,
vibrar aquilo que elas tem de melhor e com isso, ter uma vida que elas merecem.
Porque todos merecemos brilhar em nossas trajetórias. Falta nós nos permitirmos
brilhar como nós merecemos. No próximo livro, quando vier, vai ser com este meu
propósito de vida, que está ligado a todo meu trabalho e é o que eu acredito,
piamente, com base nos vinte anos de estudo de novo pensamento que eu tenho:
vibrar, ousar e alcançar. É isso o que eu tenho feito com muito orgulho e com
muita honra.
JULIANA GERMANN
Natural de
Florianópolis, ela é jornalista de formação e fez MBA em E-Business pela
Fundação Getúlio Vargas/RJ.
Durante
quase 20 anos morou no Rio de Janeiro.
Trabalhou na
TV Globo durante 12 anos e fez trabalhos para as Centrais Globo de Jornalismo,
Comunicação e Produção. Em 1998 participou do projeto Globo na Copa, que deu
origem a Globo.com e foi a primeira jornalista da emissora a participar da
cobertura online de uma Olimpíada – Sydney, em 2000.
Em 2009
ingressou no grupo EBX com a missão de formar a área de Mídias Digitais na
empresa.
A partir de
2013 passou a se dedicar integralmente a ministrar cursos e palestras sobre
comunicação eficaz, oratória e media training, especialmente no segmento
político e para as mulheres.