terça-feira, 10 de novembro de 2020

FUI ENTREVISTADO...

 

RENATO MÜLLER


1.         Fale um pouco dos livros que você publicou...

RENATO: Meu primeiro livro foi lançado em 2014, com o título Não Sou Escritor, com poemas e um conto. Foi um livro que eu publiquei e ao mostra-lo para minha mãe, lembro que ela ficou emocionada, pois este era um sonho que ela tinha e não conseguiu realizar. Sem saber disso e por acaso, eu acabei realizando o sonho dela.  

No ano seguinte, em 2015, publiquei o livro infantil A História de Lí, direcionado às crianças em fase de alfabetização, com direito a ilustrações para ser pintado/colorido. Mas que eu recomendo que a pessoa adulta também deve ler, pois ele tem uma mensagem direcionada aos leitores que são pais, mães, tios, tias, avós....

Em 2016, empolgado pela arte da escrita, eu publiquei dois livros, que foram lançados de forma simultânea: Um Vale de Versos Diversos e também, Poucas Palavras. Ambos com poemas e contos.

No ano de 2017 publiquei um livro coletivo, onde além de ser o organizador, fui um dos autores. Esta experiência foi interessante e o aprendizado foi grande, pois tive que lidar com o ego, desejo, vontade das pessoas envolvidas, além de ter paciência com uma situação desagradável que ocorreu com um dos autores, após a publicação e o lançamento do livro. O título do livro foi Eu Conto! Tu poemas! A escolha deste título se deve a dois motivos: o primeiro é que cada autor/autora deveria escrever pelo menos um conto e um poema. O segundo motivo é uma brincadeira com as palavras: conto e poema. Lembrei de Mário Quintana que escreveu Poeminha do Contra e resolvi brincar com as palavras, assim como o poeta Quintana. Sei que foi atrevimento meu, mas considero o título que escolhi como uma singela homenagem.

Em 2018 voltei a publicar de maneira individual e o título foi: Lembranças Que Trago Comigo; novamente com poemas e contos.


2.         As publicações foi você quem pagou ou foi com alguma editora?

RENATO: Eu sempre arquei com a publicação e com as demais despesas do livro e de seus lançamentos.


3.         Seus livros vendem bem?

RENATO: Não, não, não, não, não e não (cada não representa um livro publicado). Estou longe de ser um sucesso de vendas.


4.         Onde seus livros podem ser encontrados?

RENATO: Diretamente comigo.


5.         Qual a pior parte: escrever, publicar ou vender?

RENATO: Vender, sem a menor dúvida!


6.         O que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longos destes anos em que você publica livros?

RENATO: Inicialmente eu escrevia poemas e sempre tentava encontrar rimas perfeitas. Ao longo do tempo comecei a escrever com rimas cruzadas, imperfeitas, sem ter muita preocupação em buscar a perfeição.

Outra mudança foi o fato de eu começar a escrever contos, o que para mim foi, inicialmente, difícil, pois eu tinha que criar uma história, sequência de fatos, diálogos.... Foi uma tarefa diferente, porém, de certa forma, interessante e surpreendentemente aprazível.


7.         Você acha que a escrita fica mais fácil à medida que envelhece ou a idade nada tem a ver com a escrita?

RENATO: Não acredito que a facilidade para escrever tenha relação com a idade. Tem relação sim, com a questão da prática, da leitura e do conhecimento de técnicas que existem e que são possíveis de aprender em oficinas e mini cursos literários, como foi o meu caso.


8.         Qual dos seus textos deu mais trabalho para escrever?

RENATO: Foi o poema que escrevi para meu irmão – Roberto. Quando tive a ideia de escrever o poema para ele, tentei muitas vezes, mas não conseguia escrever algo que me agradasse. Começava e desistia, sempre sem sucesso. Foram várias tentativas frustradas e uns cinco ou seis meses nessa situação. Sempre que eu tentava e me concentrava para escrever para e sobre meu irmão, eu fracassava. Eis que, uma certa noite, ao tentar mais uma vez, o poema saiu de uma maneira fácil e suave, sem que fosse necessário realizar muitos ajustes, como normalmente eu faço.


9.         Quando inicia um texto, você sabe exatamente como ele vai terminar?

RENATO: Não. Já comecei um texto pelo fim, pela última frase.... Também teve situações em que eu pensava em terminar de uma maneira e o fim foi escrito de forma totalmente diferente. As coisas podem ter uma ideia ao começar a escrever, mas é no ato de escrever e de criar que vou direcionando o texto do jeito que eu achar melhor. Não fico engessado com o que penso inicialmente. Mudo constantemente.


10.     O seu primeiro livro tem como título: “Não sou escritor”. Você tem seis livros publicados; você já se considera um escritor?

RENATO: Não! Sou apenas o autor daquilo que escrevo. No primeiro poema, do meu primeiro livro, eu explico o motivo pelo qual eu não me considero um escritor.


11.     O grande escritor Carlos Drummond de Andrade disse uma vez “Minha poesia é cheia de imperfeições. Se eu fosse crítico, apontaria muitos defeitos. Não vou apontar. Deixo para os outros.” Quais são as imperfeições na tua poesia?

RENATO: Muitas! Várias! Assim como Drummond, eu deixo para outras pessoas a tarefa de apontar minhas imperfeições. Aliás, o ser humano tem por hábito a facilidade de criticar os outros, então, que as pessoas me critiquem e apontem os meus defeitos e falhas.


12.     Existe algum assunto ou tema que você não escreveria ou não escreve?

RENATO: Não tenho o hábito de utilizar “palavrões”, ofensas ou qualquer tipo de crítica naquilo que eu escrevo. Prefiro escrever de um jeito leve, descontraído e alegre.


13.     Há uma frase atribuída ao poeta cubano José Martí que diz o seguinte: "Há uma coisa que um homem deve fazer na sua vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro." Você já fez essas três coisas?

RENATO: Sim! Então, partindo deste raciocínio, minha vida está completa e eu já posso morrer... Mas, sinceramente, quando penso na minha morte, espero que ela demore um pouco mais para chegar, pois ainda quero escrever e publicar um pouco mais.


14.     E a morte, te assusta? Como você gostaria de morrer?

RENATO: A morte é uma certeza para qualquer pessoa. O que me preocupa um pouco é a forma que eu morrerei. Que seja rápida e que venha quando eu não tiver mais lucidez e começar a dar trabalho para outras pessoas.


15.     Sei que você gosta do escritor JG de Araujo Jorge... Ele escreveu: “Talvez seja o tempo...a vida...a idade... mas a gente vai aprendendo a renunciar a tanto que se quis...” Quais as coisas que você renunciou ao longo dos anos, no que diz respeito à escrita?

RENATO: Não considero uma renúncia, mas um adiamento..... Quando meus textos estão prontos para publicar e por “detalhes financeiros” e tenho que adiar a publicação e o lançamento de um livro.


16.     Qual a influência da tua família no teu gosto pela leitura e pela escrita?

RENATO: Direta e imensa. Mesmo tendo sido um aluno sofrível, nos meus tempos de colégio, eu gostava de ler. Iniciei com gibis e posteriormente livros infanto-juvenis. Minha mãe e meu pai, sempre que possível, compravam para mim, meu irmão e minha irmã, gibis que foram fundamentais para incentivar o hábito pela leitura. Passei a gostar de escrever somente depois dos trinta e tantos anos de idade e ao mostrar meus textos para meus pais, eles sempre me incentivaram.


17.     Dentre os livros que você publicou, um deles foi coletivo, onde além de ser um dos autores, você foi o organizador. Um livro coletivo é mais fácil de publicar do que um livro individual, pelo fato de não seja necessário escrever todo o conteúdo?

RENATO: Não, pelo menos, na experiência que tive. Pois alguns problemas ocorreram e me ensinaram muita coisa. Organizar um livro coletivo, apesar de não ter o trabalho e a necessidade de escrever todo o conteúdo, na minha opinião, é mais difícil e desgastante.


18.     Você tem intensão de organizar e publicar outro livro coletivo, ou descarta esta possibilidade?

RENATO: Apesar dos perrengues que passei no livro coletivo que organizei e que me trouxeram incomodação e dor de cabeça, eu pretendo sim, organizar novamente, outro livro coletivo, pois a alegria em reunir várias pessoas e compartilhar a emoção de publicar um livro, com certeza é maior que a chateação que possa existir.


19.     Quem mais na sua família escreve e tem livro publicado?

RENATO: Meu avô materno escrevia muito e escrevia bem: cartas e outros textos, pelo menos é o que dizem... Mas, infelizmente, não se guardou nada do que ele escreveu.... Minha mãe, por ser professora, bibliotecária e ler muito, escreve bem, mas não publicou livro. De meu pai eu tenho a lembrança, da minha infância, quando ele pedia a nossa ajuda para datilografar cartas e ofícios, quando ele foi Diretor de Relações Públicas, do Clube Náutico Riachuelo. Ele ditava o texto e eu ou meu irmão que datilografávamos. Na época eu achava aquilo chato, mas hoje eu consigo lembrar de alguns detalhes que utilizo nos dias de hoje.


20.     Você já está preparando o próximo livro, ou ainda é cedo para pensar sobre isso?

RENATO: Tenho um livro individual que está pronto para ser publicado, mas esperando eu ter dinheiro e finalmente, publicá-lo. Além disso, há um projeto de outro livro coletivo, cujo trabalho inicial de contato com alguns autores e autoras para fazer parte da obra, já começou e teve algumas confirmações. Por enquanto, é isso!

 

 

RENATO LISBÔA MÜLLER

 




Nasceu em Florianópolis em 1968. Em 2001 foi morar na cidade de Rio do Sul.

Possui formação acadêmica na área do turismo: é guia regional, bacharel, tem especialização e mestrado.

Publicou seis livros e apesar disso, continua a afirmar que não é escritor.

Gosta de escrever poemas para cidades, exaltando as características que julga que sejam positivas para o turismo.

Seus textos também partem do imaginário beirando o impossível, como Briga na Feira, Futebol de Bichos e Briga de Insetos.

No mais, seus textos possuem a leveza de quem escreve sem a obrigação de agradar os críticos literários de plantão.

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