RENATO MÜLLER
1.
Fale
um pouco dos livros que você publicou...
RENATO: Meu primeiro livro foi lançado em
2014, com o título Não Sou Escritor, com poemas e um conto. Foi um livro que eu
publiquei e ao mostra-lo para minha mãe, lembro que ela ficou emocionada, pois
este era um sonho que ela tinha e não conseguiu realizar. Sem saber disso e por
acaso, eu acabei realizando o sonho dela.
No ano seguinte, em 2015, publiquei o livro
infantil A História de Lí, direcionado às crianças em fase de alfabetização,
com direito a ilustrações para ser pintado/colorido. Mas que eu recomendo que a
pessoa adulta também deve ler, pois ele tem uma mensagem direcionada aos
leitores que são pais, mães, tios, tias, avós....
Em 2016, empolgado pela arte da escrita, eu publiquei
dois livros, que foram lançados de forma simultânea: Um Vale de Versos Diversos
e também, Poucas Palavras. Ambos com poemas e contos.
No ano de 2017 publiquei um livro coletivo,
onde além de ser o organizador, fui um dos autores. Esta experiência foi
interessante e o aprendizado foi grande, pois tive que lidar com o ego, desejo,
vontade das pessoas envolvidas, além de ter paciência com uma situação
desagradável que ocorreu com um dos autores, após a publicação e o lançamento
do livro. O título do livro foi Eu Conto! Tu poemas! A escolha deste título se
deve a dois motivos: o primeiro é que cada autor/autora deveria escrever pelo
menos um conto e um poema. O segundo motivo é uma brincadeira com as palavras:
conto e poema. Lembrei de Mário Quintana que escreveu Poeminha do Contra e resolvi
brincar com as palavras, assim como o poeta Quintana. Sei que foi atrevimento
meu, mas considero o título que escolhi como uma singela homenagem.
Em 2018 voltei a publicar de maneira
individual e o título foi: Lembranças Que Trago Comigo; novamente com poemas e contos.
2.
As publicações foi você quem pagou ou foi com alguma editora?
RENATO: Eu sempre arquei com a publicação e
com as demais despesas do livro e de seus lançamentos.
3.
Seus
livros vendem bem?
RENATO: Não, não, não, não, não e não (cada não representa um livro publicado). Estou longe de ser um
sucesso de vendas.
4.
Onde
seus livros podem ser encontrados?
RENATO: Diretamente comigo.
5.
Qual
a pior parte: escrever, publicar ou vender?
RENATO: Vender, sem a menor dúvida!
6.
O
que você acha que mudou no seu processo de escrita ao longos destes anos em que
você publica livros?
RENATO: Inicialmente eu escrevia poemas e
sempre tentava encontrar rimas perfeitas. Ao longo do tempo comecei a escrever
com rimas cruzadas, imperfeitas, sem ter muita preocupação em buscar a perfeição.
Outra mudança foi o fato de eu começar a
escrever contos, o que para mim foi, inicialmente, difícil, pois eu tinha que
criar uma história, sequência de fatos, diálogos.... Foi uma tarefa diferente,
porém, de certa forma, interessante e surpreendentemente aprazível.
7.
Você
acha que a escrita fica mais fácil à medida que envelhece ou a idade nada tem a
ver com a escrita?
RENATO: Não acredito que a facilidade para
escrever tenha relação com a idade. Tem relação sim, com a questão da prática,
da leitura e do conhecimento de técnicas que existem e que são possíveis de
aprender em oficinas e mini cursos literários, como foi o meu caso.
8.
Qual
dos seus textos deu mais trabalho para escrever?
RENATO: Foi o poema que escrevi para meu
irmão – Roberto. Quando tive a ideia de escrever o poema para ele, tentei
muitas vezes, mas não conseguia escrever algo que me agradasse. Começava e
desistia, sempre sem sucesso. Foram várias tentativas frustradas e uns cinco ou
seis meses nessa situação. Sempre que eu tentava e me concentrava para escrever
para e sobre meu irmão, eu fracassava. Eis que, uma certa noite, ao tentar mais
uma vez, o poema saiu de uma maneira fácil e suave, sem que fosse necessário
realizar muitos ajustes, como normalmente eu faço.
9.
Quando
inicia um texto, você sabe exatamente como ele vai terminar?
RENATO: Não. Já comecei um texto pelo fim,
pela última frase.... Também teve situações em que eu pensava em terminar de
uma maneira e o fim foi escrito de forma totalmente diferente. As coisas podem
ter uma ideia ao começar a escrever, mas é no ato de escrever e de criar que
vou direcionando o texto do jeito que eu achar melhor. Não fico engessado com o
que penso inicialmente. Mudo constantemente.
10. O seu primeiro livro
tem como título: “Não sou escritor”. Você tem seis livros publicados; você já
se considera um escritor?
RENATO: Não! Sou apenas o autor daquilo que
escrevo. No primeiro poema, do meu primeiro livro, eu explico o motivo pelo
qual eu não me considero um escritor.
11. O grande escritor
Carlos Drummond de Andrade disse uma vez “Minha poesia é cheia de imperfeições.
Se eu fosse crítico, apontaria muitos defeitos. Não vou apontar. Deixo para os
outros.” Quais são as imperfeições na tua poesia?
RENATO: Muitas! Várias! Assim como Drummond,
eu deixo para outras pessoas a tarefa de apontar minhas imperfeições. Aliás, o
ser humano tem por hábito a facilidade de criticar os outros, então, que as
pessoas me critiquem e apontem os meus defeitos e falhas.
12. Existe algum assunto
ou tema que você não escreveria ou não escreve?
RENATO: Não tenho o hábito de utilizar “palavrões”,
ofensas ou qualquer tipo de crítica naquilo que eu escrevo. Prefiro escrever de
um jeito leve, descontraído e alegre.
13. Há uma frase
atribuída ao poeta cubano José Martí que diz o seguinte: "Há uma coisa que
um homem deve fazer na sua vida: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um
livro." Você já fez essas três coisas?
RENATO: Sim! Então, partindo deste
raciocínio, minha vida está completa e eu já posso morrer... Mas, sinceramente, quando penso na minha morte, espero que ela demore um pouco mais para chegar, pois ainda quero escrever e
publicar um pouco mais.
14. E a morte, te
assusta? Como você gostaria de morrer?
RENATO: A morte é uma certeza para qualquer
pessoa. O que me preocupa um pouco é a forma que eu morrerei. Que seja rápida e que venha
quando eu não tiver mais lucidez e começar a dar trabalho para outras pessoas.
15. Sei que você gosta do
escritor JG de Araujo Jorge... Ele escreveu: “Talvez seja o tempo...a vida...a
idade... mas a gente vai aprendendo a renunciar a tanto que se quis...” Quais
as coisas que você renunciou ao longo dos anos, no que diz respeito à escrita?
RENATO: Não considero uma renúncia, mas um
adiamento..... Quando meus textos estão prontos para publicar e por “detalhes
financeiros” e tenho que adiar a publicação e o lançamento de um livro.
16. Qual a influência da
tua família no teu gosto pela leitura e pela escrita?
RENATO: Direta e imensa. Mesmo tendo sido um aluno
sofrível, nos meus tempos de colégio, eu gostava de ler. Iniciei com gibis e
posteriormente livros infanto-juvenis. Minha mãe e meu pai, sempre que
possível, compravam para mim, meu irmão e minha irmã, gibis que foram fundamentais
para incentivar o hábito pela leitura. Passei a gostar de escrever somente
depois dos trinta e tantos anos de idade e ao mostrar meus textos para meus
pais, eles sempre me incentivaram.
17. Dentre os livros que
você publicou, um deles foi coletivo, onde além de ser um dos autores, você foi
o organizador. Um livro coletivo é mais fácil de publicar do que um livro
individual, pelo fato de não seja necessário escrever todo o conteúdo?
RENATO: Não, pelo menos, na experiência que tive. Pois alguns
problemas ocorreram e me ensinaram muita coisa. Organizar um livro coletivo, apesar
de não ter o trabalho e a necessidade de escrever todo o conteúdo, na minha
opinião, é mais difícil e desgastante.
18. Você tem intensão de
organizar e publicar outro livro coletivo, ou descarta esta possibilidade?
RENATO: Apesar dos perrengues que passei no
livro coletivo que organizei e que me trouxeram incomodação e dor de cabeça, eu
pretendo sim, organizar novamente, outro livro coletivo, pois a alegria em
reunir várias pessoas e compartilhar a emoção de publicar um livro, com certeza
é maior que a chateação que possa existir.
19. Quem mais na sua
família escreve e tem livro publicado?
RENATO: Meu avô materno escrevia muito e
escrevia bem: cartas e outros textos, pelo menos é o que dizem... Mas,
infelizmente, não se guardou nada do que ele escreveu.... Minha mãe, por ser
professora, bibliotecária e ler muito, escreve bem, mas não publicou livro. De
meu pai eu tenho a lembrança, da minha infância, quando ele pedia a nossa ajuda
para datilografar cartas e ofícios, quando ele foi Diretor de Relações
Públicas, do Clube Náutico Riachuelo. Ele ditava o texto e eu ou meu irmão que
datilografávamos. Na época eu achava aquilo chato, mas hoje eu consigo lembrar
de alguns detalhes que utilizo nos dias de hoje.
20. Você já está
preparando o próximo livro, ou ainda é cedo para pensar sobre isso?
RENATO: Tenho um livro individual que está
pronto para ser publicado, mas esperando eu ter dinheiro e finalmente,
publicá-lo. Além disso, há um projeto de outro livro coletivo, cujo trabalho
inicial de contato com alguns autores e autoras para fazer parte da obra, já
começou e teve algumas confirmações. Por enquanto, é isso!
RENATO LISBÔA MÜLLER
Nasceu em
Florianópolis em 1968. Em 2001 foi morar na cidade de Rio do Sul.
Possui formação
acadêmica na área do turismo: é guia regional, bacharel, tem especialização e
mestrado.
Publicou seis livros
e apesar disso, continua a afirmar que não é escritor.
Gosta de escrever poemas para cidades, exaltando as características que julga que
sejam positivas para o turismo.
Seus textos também
partem do imaginário beirando o impossível, como Briga na Feira, Futebol de
Bichos e Briga de Insetos.
No mais, seus textos
possuem a leveza de quem escreve sem a obrigação de agradar os críticos
literários de plantão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Escreva, comunique-se, comente....